Secretaria da Mulher da Câmara repudia ataques a Marina Silva e aciona Corregedoria Parlamentar
Ministra do Meio Ambiente foi alvo de ofensas durante audiência em comissão; declarações foram feitas pelo deputado Evair Vieira de Melo (PP-ES)

Warley Júnior
A Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados informou que enviará uma representação formal à Corregedoria Parlamentar após os ataques direcionados à ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, durante audiência pública na Comissão de Agricultura, nessa quarta-feira (2). As declarações ofensivas foram feitas pelo deputado Evair Vieira de Melo (PP-ES).
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Durante a audiência, o parlamentar afirmou que a ministra "nunca trabalhou", que "não sabe o que é prosperidade construída pelo trabalho" e que tem um "discurso alinhado com ONGs internacionais". Ele também declarou que Marina Silva tem um "comportamento adestrado", termo que já havia utilizado em 2024 ao se referir à ministra.
Em nota oficial, a Secretaria da Mulher manifestou "repúdio aos ataques proferidos" e classificou a postura do deputado como "desrespeitosa e incompatível com os princípios democráticos e com o decoro parlamentar que devem nortear os trabalhos desta Casa".
A secretaria afirmou que adotará providências.
"Diante da gravidade do episódio, a Secretaria da Mulher, no uso de suas atribuições regimentais, informa que encaminhará representação formal à Corregedoria Parlamentar para que as medidas cabíveis sejam adotadas", revelou.
O texto também destaca a preocupação com o aumento dos casos de violência política de gênero.
"É urgente interromper a escalada de casos de violência política de gênero que têm ocorrido nas esferas federal, estadual e municipal, com o objetivo claro de intimidar e silenciar mulheres que ocupam posições de liderança", afirmou.
A secretaria reforçou o compromisso com o respeito às mulheres na política e defendeu que o Parlamento não pode ser conivente com a violação da lei que trata da violência política de gênero.
"A Secretaria da Mulher reafirma seu compromisso com o respeito às mulheres na política e com a integridade institucional desta Casa, exigindo responsabilização por condutas que atentam contra a dignidade, a democracia e o mandato das mulheres parlamentares", concluiu.
Ministra também já foi alvo de ofensas no Senado
Essa não é a primeira vez que Marina Silva sofre ataques durante participações no Congresso. Em maio, a ministra deixou uma sessão da Comissão de Infraestrutura do Senado após ser alvo de provocações e ofensas de parlamentares.
Na ocasião, Plínio Valério (PSDB-AM) chegou a afirmar que não a respeitava como ministra. Meses antes, ele havia declarado publicamente que tinha vontade de "enforcá-la".