"Plenário não será palco para lacração", diz Hugo Motta após confusão entre deputados
Discussão sobre denúncia da PGR contra Bolsonaro gera tumulto e sessão é suspensa

Warley Júnior
A sessão plenária da Câmara dos Deputados foi marcada por confusão na noite desta quarta-feira (19). Durante a votação de um projeto de lei, parlamentares da base governista e da oposição se desentenderam ao comentar a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. O clima esquentou e o bate-boca se intensificou a ponto da terceira-secretária da Casa, deputada Delegada Katarina (PSD-SE), que presidia a sessão no momento, ser forçada a encerrar os trabalhos.
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Diante do impasse, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), assumiu o comando da sessão e, em um tom duro, repreendeu os parlamentares.
"Eu quero dizer aos senhores, que se vocês estão confundindo esse presidente como uma pessoa paciente, como uma pessoa serena, como um presidente frouxo, vocês ainda não me conhecem. Ou esse plenário se dignifique de representar o povo brasileiro ou nós não merecemos estar aqui. Aqui não é um jardim de infância", afirmou.
Solidariedade feminina
A fala de Motta foi seguida por um protesto da bancada feminina. Deputadas subiram à mesa do Plenário, deram as mãos e pediram respeito. Delegada Katarina usou as redes sociais para desabafar sobre o ocorrido e agradecer o apoio.
"Uma vergonha o que presenciamos hoje na Câmara, quando uma parte dos parlamentares impediu o andamento dos trabalhos, protagonizando um episódio lamentável de misoginia e desrespeito à Casa", escreveu.
Na plataforma X (antigo Twitter), o próprio Hugo Motta também se manifestou em defesa da deputada.
"As manifestações políticas são parte da democracia, mas, como presidente da Câmara, não vou aceitar desrespeito no plenário da Casa. Deixo minha solidariedade à deputada Delegada Katarina, que sofreu constrangimento com o excesso de alguns parlamentares", declarou.
O presidente reforçou que não permitirá tumultos e que a Casa deve manter o respeito mútuo entre os parlamentares.
"O plenário não será palco para lacração de nenhum dos lados. Nenhum. Não vou tolerar. Se depender de mim, o regimento será cumprido para garantir o exercício do mandato de cada deputado. Temos que ter compostura, à altura do voto que recebemos para estar aqui", concluiu.