"Planos articulados para manter Bolsonaro no poder a todo custo", diz Gonet sobre tentativa de golpe
No início de julgamento no STF, procurador-geral da República detalhou suposto envolvimento de Bolsonaro, ex-ministros e militares na trama golpista
Vinícius Nunes
Felipe Moraes
O procurador-geral da República (PGR), Paulo Gonet, afirmou em julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) que houve "planos articulados para manter Bolsonaro no poder a todo custo". A Primeira Turma começou a análise, nesta terça-feira (25), da denúncia da PGR sobre trama golpista após as eleições de 2022.
Na leitura do relatório, Gonet descreveu conduta de ex-presidente, ex-ministros e militares de alta patente na tentativa de golpe de Estado.
+ Bolsonaro decide acompanhar julgamento do plenário do Supremo
"A denúncia retrata acontecimentos protagonizados pelo agora ex-presidente da República Jair Bolsonaro, que formou com outros civis e militares organização criminosa que tinha por objetivo gerar ações que garantissem a sua continuidade no poder, independentemente do resultado das eleições de 2022", disse Gonet em seu relatório.
O procurador relembrou do relatório produzido pelo Partido Liberal que tentava provar possíveis fraudes nas urnas eletrônicas. Para a denúncia, esse foi mais um passo para a construção de uma mensagem contra o processo eleitoral.
"Assombroso", diz procurador-geral sobre plano para matar Lula, Alckmin e Moraes
Gonet também afirmou que a nota oficial das Forças Armadas, a favor da "liberdade de expressão", visava "dar aos apoiadores do golpe a aparência de que as Forças Armadas acolhiam e incentivavam acampamentos espalhados pelo país".
+ Advogado de Bolsonaro pede que defesa de Cid fale primeiro; Primeira Turma do STF nega
"Nesses acampamentos, pedia-se insistentemente uma intervenção militar ou intervenção federal, eufemismos para a ruptura pela força do regime constitucional. Vale dizer... Golpe", afirmou Gonet.
Sobre o plano Punhal Verde e Amarelo, que pretendia a morte do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice Geraldo Alckmin (PSB) e Alexandre de Moraes, Gonet chamou a operação de "aterradora" e episódio "assombroso".
"A execução de atos de essência golpista criminosa também se estampa em outro conjunto de episódios assombrosos desvendados no inquérito policial. As investigações revelaram aterradora operação de execução do golpe, em que se admitia até mesmo a morte do presidente da República e do vice-presidente da República eleitos, bem como de ministro do Supremo Tribunal", disse.