PL suspende articulações com Ciro Gomes após divergências na família Bolsonaro
Flávio Bolsonaro e André Fernandes admitem “ruído na comunicação interna” após embate com Michelle; conversas foram suspensas para repensar estratégia no Ceará
Jessica Cardoso
Paola Cuenca
O Partido Liberal (PL) decidiu suspender as articulações com Ciro Gomes (PSDB) no Ceará após a crise interna provocada pelas críticas de Michelle Bolsonaro, presidente nacional do PL Mulher, à possível aliança com o político no Estado.
A decisão foi tomada nesta terça-feira (2) em uma reunião de emergência que reuniu a ex-primeira-dama, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o presidente nacional do partido, Valdemar Costa Neto, e o deputado federal André Fernandes (PL-CE), considerado a principal liderança bolsonarista no Estado.
A jornalistas, o deputado afirmou que as tratativas com Ciro vinham ocorrendo “com o aval, ciência e autorização de Jair Bolsonaro”. Ele explicou que buscava uma composição para derrotar o Partido dos Trabalhadores no Ceará e iniciou as articulações com Ciro, que, segundo o deputado, "tem feito oposição ao governo do PT no Estado do Ceará".
“A eterna primeira-dama Michelle Bolsonaro não teve ciência de toda a movimentação que foi feita [...] e acabou acontecendo aquilo que aconteceu no evento [de domingo]”, disse.
Fernandes também disse que seguirá trabalhando para “que o Estado do Ceará se livre das garras do PT”, mas acatará a decisão da direção do PL de interromper temporariamente as conversas.
“Nós vamos dar uma pausa, nós vamos repensar. Vamos analisar um futuro melhor para o Estado do Ceará e eu agradeço a confiança de continuar à frente nessa articulação”, declarou.
Segundo o senador Flávio Bolsonaro, o impasse decorreu de um “ruído de comunicação” dentro do partido.
“[Foram] duas pessoas querendo acertar, duas pessoas trabalhando com a verdade de buscar alguma composição para derrotar o PT no Ceará e aí a gente viu o que aconteceu, e agora conversarmos, resolvemos e não vai acontecer novamente”, afirmou.
Flávio também disse que Michelle seguirá participando do núcleo decisório do PL por ter um posicionamento “muito cristalino, muito transparente, muito verdadeiro”, e defendeu que a ex-primeira-dama tem condições de colaborar na definição de estratégias estaduais.
Em nota, o PL Mulher disse que Michelle e o deputado André Fernandes tiveram um encontro privado, no qual “conversaram, oraram juntos”, esclareceram o episódio do fim de semana e "alinharam os próximos passos".
"Após o término da reunião de cúpula, ficou definido que André Fernandes continua encarregado de buscar uma alternativa viável, que respeite os valores e princípios ligados à direita conservadora e que aumente as chances de derrotar o projeto da esquerda no estado, capaz de reestabelecer a segurança, a ordem e o bem-estar dos cidadãos no Ceará", afirmou o texto.
