Pimenta falta a comissão na Câmara e sessão é marcada por ataques ao ministro: "Verme"
Representante da liderança do governo lamentou ausência do ministro, mas repudiou termos usados por deputados da oposição
O ministro da Secretaria Extraordinária da Presidência da República para Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, Paulo Pimenta, faltou à reunião marcada para que fosse ouvido por deputados, na manhã desta quarta-feira (3), na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara. O presidente do colegiado, Evair Vieira de Melo (PP-ES), proferiu uma série de ataques a Pimenta por causa da ausência.
Segundo o Evair, havia votos suficientes para aprovar um requerimento de convocação ao ministro na comissão, mas a oposição e o governo fizeram um acordo para que ele fosse convidado, e não convocado, diante do compromisso de que ele compareceria. O requerimento de convite aprovado é do deputado José Medeiros (PL-MT) e diz que Pimenta prestaria esclarecimentos sobre medidas tomadas pela Secretaria Extraordinária da Presidência da República para Apoio à Reconstrução do RS.
Evair disse que Pimenta informou apenas na noite de terça-feira (2) que não conseguiria comparecer nesta quarta por causa de outros compromissos. "Ter a cara de pau, a molecagem de às 23h falar que por compromissos anteriormente assumidos não poderia comparecer aqui hoje?! Coitado do povo do RS", declarou o presidente do colegiado.
O deputado afirmou que, se Pimenta "não fosse moleque que ele é, teria avisado ontem de manhã".
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Evair chamou o ministro de "fujão", "covarde", "despreparado" e "verme". "Aí o governo federal, do Lula, para se livrar desse verme, chamado Paulo Pimenta, se livra mandando lá para o RS", declarou.
Segundo o parlamentar, o governo enviou Pimenta para o RS porque "não sabia mais o que fazer com ele. As falcatruas que ele fez lá na Secom". O atual ministro da Secretaria Extraordinária era ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República antes de assumir o cargo atual. O deputado não detalhou as "falcatruas" que teriam sido cometidas por Pimenta.
O presidente da comissão afirmou que, ao não comparecer à reunião, Pimenta "fugiu" não só do colegiado, mas também de 300 prefeitos do RS que estão em Brasília nesta quarta. "O que o Paulo pimenta está fazendo no RS? Fugindo", disse.
"Talvez eu seja titica de galinha"
Evair também falou a respeito da declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de que os adversários políticos do governo "não valem titica de cachorro". "Talvez eu seja titica de galinha. Para quem não conhece, um dos adubos orgânicos mais ricos", declarou o deputado. Ainda de acordo com ele, não tem dificuldade "de ser comparado com adubo fértil".
Evair afirmou que Lula e seus ministros não passam de "bosta de burro", que "não serve para nada". O parlamentar ainda defendeu que os deputados assinem o requerimento de criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar se houve fraude no leilão, do governo federal, de importação de arroz. Estariam faltando dez assinaturas.
Além disso, sinalizou que a comissão aprovará agora um requerimento de convocação de Pimenta.
Outros ataques
Outros parlamentares proferiram ataques a Pimenta na sessão da Comissão de Agricultura nesta quarta. "Ele é o chefe da milícia digital. Ele sim tem o gabinete do ódio", afirmou Cabo Gilberto (PL-PB). Ainda de acordo com ele, "como o PT não tem acordo".
Coronel Chrisóstomo (PL-RO), por sua vez, disse que Lula "empurrou para o RS" Pimenta porque o ministro não fazia nada em Brasília. "Não tem um gaúcho que quer esse cara lá", declarou. Além disso, chamou o ministro de "poste" e disse não saber o que ele está fazendo no RS. Também se referiu a Lula como "mentiroso" e "embriagado".
Repúdio
O deputado Emanuel Pinheiro Neto (MDB-MT), representando a liderança do governo na Câmara durante a sessão, lamentou a ausência de Pimenta, e disse que Evair tem todo o direito de se indignar com o não comparecimento do ministro e que este poderia ter avisado com antecedência que não conseguiria comparecer. Entretanto, repudiou "algumas das palavras" utilizadas na reunião, que, segundo ele, "não contribuem em nada para o debate".
Ele se referia a termos como "embriagado" e "verme". Pediu para que sejam retirados das notas taquigráficas. "Naturalmente, as palavras e os termos com que a oposição tem tratado a política brasileira têm colocado o nível quase abaixo do chão do debate público", declarou.
Ainda de acordo com ele, os parlamentares têm usado termos no debate político com um "nível de certa forma de infantilidade" ou que "beira a barbárie".
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Ele ressaltou ainda que, em várias situações, os parlamentares "fazem a sua fala, exaltam o tom, usam de palavras inapropriadas, fazem o seu vídeo e saem da comissão, não participam do debate". "E é isso que tem provocado com que alguns ministros também reajam da mesma forma", acrescentou.
No mês passado, uma audiência pública, realizada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, com Pimenta, já como ministro da Secretaria Extraordinária da Presidência da República para Apoio à Reconstrução do RS, foi marcada por ofensas e acusações de deputados bolsonaristas e do próprio ministro a parlamentares.
Nesta quarta, após as falas de Emanuel Pinheiro Neto, Evair Vieira de Melo disse que Lula vem ofendendo a oposição e não está debatendo com ela. "Ele já nos chamou de tudo", declarou. "Eu vou tratar o Lula do jeito que ele me trata".