Oposição sai em defesa de Ramagem e critica operação da PF contra ex-diretor da Abin
De outro lado, governistas celebraram a ação. “Mais um bolsonarista na mira”, disse Duda Salabert
Parlamentares de oposição e da base do governo reagiram à operação da Polícia Federal contra o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), realizada nesta quinta-feira (25). De um lado, apoiadores do político, que é aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), criticaram a investigação, que apura o período em que ele esteve no comando da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). De outro, aliados do governo Lula celebraram a nova fase de investigação da PF.
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O líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), disse que a ação envolvendo Ramagem é um "padrão de excepcionalidade contra a oposição no Brasil", e questionou o movimento contra o correligionário, pela investigação ser referente a um período em que ele não estava no parlamento. "Clara ultrapassagem contra limite constitucional", disse. Marinho ainda lembrou a operação recente da PF contra o líder da oposição na Câmara, Carlos Jordy (PL-RJ), em apuração aos atos de 8 de janeiro.
O deputado citado, Jordy, utilizou as redes sociais para questionar o movimento. E afirmou que as operações devem ser questionadas pelo Congresso Nacional. “A justiça tirou a venda, jogou fora a balança e sobrou apenas a espada. Se não houver uma reação do Congresso Nacional para restabelecer as prerrogativas e o equilíbrio, a ditadura chegará a todos, até naqueles que aplaudem a tirania”, declarou.
Mais cedo, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que é citado como possível beneficiário de serviços paralelos da Abin, negou qualquer vantagem e criticou a operação. "Isso é um completo absurdo e mais uma tentativa de criar falsas narrativas para atacar o sobrenome Bolsonaro", afirmou Flávio Bolsonaro, em nota. "É mentira que a Abin tenha me favorecido de alguma forma, em qualquer situação, durante meus 42 anos de vida”, emendou.
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Manifestações da base do governo
De outro lado, parlamentares da base do governo citaram a proximidade do deputado investigado com o ex-presidente Jair Bolsonaro. A deputada Duda Salabert (PDT-MG) compartilhou uma notícia da operação, apontando que se tratava de “mais um bolsonarista na mira da PF”, e destacou que a investigação apura atuação de organização criminosa ao utilizar a Abin para espionagem. “Um dos investigados é o deputado federal Alexandre Ramagem, aliado de primeira hora do ex-presidente amigo de Nikolas Ferreira”, escreveu, também citando o parlamentar por Minas Gerais.
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O senador Humberto Costa (PT-PE), disse que não deve haver anistia caso a ação seja confirmada. E divulgou algumas das motivações que levaram a PF a investigar o gabinete do deputado: “Um esquema criminoso foi montado dentro da Abin para monitorar o celular e tablet de cidadãos, sem autorização judicial e sem o conhecimento do próprio monitorado. Que os criminosos paguem, dentro da lei, pelo mal que causaram ao país e à democracia”.
Deputada pelo mesmo estado de Ramagem, Jandira Feghali (PCdoB-RJ) lembrou que o deputado é pré-candidato à prefeitura do Rio, e que ele é um dos alvos da investigação de esquema de monitoramento ilegal de autoridades públicas e cidadãos comuns. “Sem anistia para golpista”, relatou.
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O ministro da Educação, Camilo Santana, que é citado no relatório da PF como um dos monitorados pela Abin à época em que Ramagem estava no comando, lamentou o caso. A situação envolvendo ele teria acontecido enquanto ele estava como governador do Ceará, em 2021.