Oposição pede que Moraes seja afastado de processos ligados à tentativa de golpe
Aliados de Bolsonaro, senadores alegam que ministro não tem parcialidade e que cerco ao PL se dá por oposição ao governo
Parlamentares de oposição pressionam para que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), deixe de tomar decisões ligadas ao inquérito que apura uma tentativa de golpe para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder. A posição foi apresentada nesta quinta-feira (8) pelo senador Rogério Marinho (PL-RN), que lidera o grupo no Senado.
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Marinho alega que o ministro tem atuado com parcialidade, por ser citado nos processos que investigam a tentativa de golpe. “Quem é vítima não pode investigar, não tem isenção para estar à frente de um inquérito”, afirmou, em referência ao depoimento prestado pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do governo Bolsonaro.
“Em defesa da democracia brasileira é importante que tenhamos um processo isento. É importante colocar para vocês que ninguém está acima da lei, ninguém está. Nem eu, nem senadores presentes, presidente Lula, Bolsonaro, nem tampouco o ministro Alexandre de Moraes [...] Não é possível nós imaginarmos que há imparcialidade neste processo, e as ações que estão sucedendo, mostram que há uma espécie de método, e isso é intolerável, pois fragiliza a democracia”, declarou Marinho.
O líder no Senado também afirmou que ações da investigação miram o Partido Liberal (PL) por conta da posição da sigla contra o governo Lula (PT), e alegou haver um “contorcionismo jurídico” para inibir a oposição brasileira.
“Isso é claramente uma atitude ditatorial que tem que ser reprovada pela sociedade brasileira”, disse.
Ao lado de outros senadores de oposição, Marinho minimizou uma minuta de golpe encontrada na sede do Partido Liberal, com avaliação de que não há “nenhuma novidade no atual documento”. E aumentou a pressão sobre presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), cobrando defesa de reivindicações de parlamentares. Atualmente, a oposição pede que o presidente do Senado avance com propostas que alterem a condução de trabalhos no STF, em ações que diminuem poder frente à investigações da PF e de competência da Corte.
Investigação envolvendo Bolsonaro
Reuniões do Planalto, a escolha da sede do PL como quartel-general dos planos de intervenção militar no Brasil e a confecção de uma minuta para o golpe e as digitais de Jair Bolsonaro (PL) são alguns dos elementos que levaram a Polícia Federal a apontar o elo entre o ex-presidente, o uso da estrutura do governo e do partido, e o envolvimento de parte das Forças Armadas, no plano frustrado de destituir o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
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Todo o esquema faz parte dos processos da Operação Tempus Veritatis, deflagrada pela PF, nesta quinta-feira (8). Bolsonaro, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e militares de alta patente do núcleo duro bolsonarista foram alvos centrais das prisões e buscas e apreensões realizadas pela PF.