"Não existe animosidade com o governo", diz presidente da bancada evangélica na Câmara
Será montando um grupo de trabalho para discutir ato que suspendeu isenção fiscal para líderes religiosos
Carolina Nogueira
O presidente da Frente Parlamentar Evangélica na Câmara, Silas Câmara (Republicanos-AM), negou existir "animosidade" ou "rompimento" com o governo depois que a Receita Federal suspendeu o ato que poderia conceder isenção tributária aos salários dos líderes religiosos.
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A decisão foi considerada atípica por não passar por avaliação da subsecretária de tributação da Receita. Câmara considera, contudo, que o governo errou ao suspender o ato sem dialogar com a frente evangélica.
"Não existe animosidade ou rompimento com a frente. Continuamos dialogando com o governo, mas concordamos que o governo errou quando não dialogou com a frente", afirmou.
Na avaliação do deputado, o governo poderia ter evitado a suspensão do ato se tivesse convidado a bancada evangélica para participar das conversas sobre a medida.
Com a repercussão negativa da decisão entre os evangélicos, alguns parlamentares da frente tiveram uma reunião com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para esclarecer o assunto.
Ficou estabelecida a criação de um grupo de trabalho para discutir a isenção tributária aos líderes religiosos.
"Nós suspendemos um ato e estabelecemos um grupo de trabalho para interagir tanto com a Advocacia-Geral da União, na pessoa do ministro Jorge Messias, quanto com o Tribunal de Contas para entender exatamente como interpretar a lei que foi aprovada pelo Congresso", afirmou Haddad.
O ministro disse que a ideia do grupo é chegar a uma interpretação que não crie "problemas nem para os servidores públicos da Receita, que obviamente querem cumprir a lei, nem para prejudicar nem para beneficiar quem quer que seja", disse.
O deputado Marcelo Crivella (Republicanos-RJ) esteve no encontro e negou que o governo esteja contra as igrejas. "Não há nenhuma perseguição do governo em relação a lei que foi aprovada, que dá, sim, imunidade com relação a folha de pagamentos dos pastores que não são contratados, que não tem carteira assinada, que são como os padres: vocacionados", declarou.
De acordo com Câmara, o grupo inicia os trabalhos na próxima semana. Entre os deputados, além de Crivella, vão participar Cezinha de Madureira (PSD-SP), Antônia Lúcia (Republicanos- AC) e David Soares (União Brasil-SP).
Pelo Senado, os nomes serão indicados pelo presidente da Frente na Casa, senador Carlos Viana (Podemos-MG).