"Muito triste que um general quatro estrelas queria dar golpe", diz Lula sobre Braga Netto
General foi preso por obstrução de Justiça no inquérito que apura uma trama golpista de 2022
Camila Stucaluc
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que acompanhou “com tristeza” as notícias políticas enquanto estava internado no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Citando o general Braga Netto, o líder disse que ficou surpreso ao saber que pessoas pagas pela União para cuidar da soberania nacional estavam tramando um golpe de Estado.
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“É muito triste para quem começou a brigar pela liberdade democrática ainda muito jovem, que foi para a rua fazer as primeiras greves desse país, saber que pessoas que chegaram ao cargo de general de quatro estrelas montaram uma máquina de fazer maldade nesse país e queriam dar um golpe", disse Lula em entrevista ao Fantástico, da TV Globo.
Braga Netto foi preso no último sábado (14), acusado de obstrução de justiça no inquérito que apura a tentativa de golpe em 2022. O general tentou obter informações sobre a delação do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro tenente-coronel Mauro Cid, bem como controlar as informações fornecidas e alinhar versões entre os investigados.
Mais cedo, Lula já havia comentado sobre a prisão de Braga Netto. Em coletiva de imprensa após receber alta hospitalar, o presidente defendeu que o general tem direito à presunção da inocência, mas que, se for culpado, deverá responder pelos atos.
“Eu defendo que eles tenham a presunção de inocência que eu não tive, eu quero que eles tenham todo direito de defesa. Mas se for verdade as acusações, essa gente tem que ser punida severamente para que sirva de exemplo ao Brasil. Esse país teve gente que fez 10% do que eles fizeram e foi morto na cadeia”, disse Lula.
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O chefe do Executivo ressaltou ainda que “não é possível” o Brasil aceitar o desrespeito à democracia e à Constituição e admitir que o país tenha “gente de alta graduação militar tramando a morte do presidente da República, tramando a morte do seu vice e tramando a morte do juiz que era presidente da Suprema Corte eleitoral".