"Risquei 8 de janeiro de todos os meus calendários", diz ministro da Defesa
José Múcio Monteiro defendeu a rápida conclusão das investigações sobre a tentativa de golpe de Estado para "separar joio do trigo" em relação às Forças Armadas
Nathalia Fruet
O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, destacou nesta segunda-feira (5), em São Paulo, a importância da conclusão das investigações sobre os atos de 8 de janeiro de 2023. A declaração foi feita durante um almoço com empresários na capital paulista.
"Eu vim aqui logo depois do 8 de janeiro, essa data que já risquei de todos os meus calendários", afirmou o ministro.
Ele reforçou que havia interesse das Forças Armadas na elucidação completa dos fatos.
"Às Forças interessava que absolutamente fosse elucidado tudo aquilo, para poder separar o joio do trigo e saber quem comprometeu o nome das instituições com o nome do país, daqueles que verdadeiramente defendem o trabalho que fazem pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica", afirmou.
Acompanhado dos comandantes das três forças, Múcio também respondeu a questionamentos sobre o projeto que propõe anistiar os envolvidos nos ataques, atualmente paralisado no Congresso Nacional.
"O projeto da anistia é uma decisão de um poder, que é o Legislativo, e nós respeitamos os poderes. O que a Justiça decidir, o que o Legislativo decidir, nós respeitamos. Evidentemente, nos lamentamos quando um militar vê um colega ser indiciado, o primeiro sentimento é de constrangimento", declarou.
As falas do ministro acontecem na véspera do julgamento, no Supremo Tribunal Federal, do chamado Núcleo 4 da denúncia por tentativa de golpe de Estado. Segundo a Procuradoria-Geral da República, o grupo é composto por sete pessoas — cinco militares da ativa e da reserva, um engenheiro e um agente da Polícia Federal — acusadas de disseminar notícias falsas com ataques às urnas eletrônicas.
"Nós torcemos é que tudo isso passe, para que possamos voltar ao nosso sentimento de normalidade e trabalhar sem a aura, a nuvem da suspeição que atinge a muitos, mas só alguns poucos são responsáveis", disse Múcio.
O ministro também afirmou que ainda não foi notificado para testemunhar no processo contra o general Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa no governo Bolsonaro, que já é réu por tentativa de golpe. A possibilidade de Múcio depor surgiu após ele afirmar, em entrevista, que integrantes do governo anterior colaboraram com a transição de poder após as eleições de 2022.