Moraes: Autoridades covardes se esconderam na imunidade parlamentar para instigar golpe
Ministro do TSE usou exemplo de ex-deputado do PL para dizer que discursos violentos incentivaram pessoas a irem às ruas e destruírem as sedes dos Três Poderes em Brasília em 8 de janeiro de 2023
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, afirmou nesta quinta-feira (14) que autoridades eleitas se aproveitaram do mandato para incitar a população a tentar dar um golpe de Estado.
"Autoridades covardes ficavam atrás de seus gabinetes instigando diversas pessoas a tentarem dar um golpe, atentarem contra a democracia, num plano golpista, na tentativa de subverter as Forças Armadas", disse Moraes
O ministro prosseguiu: "Essas pessoas [autoridades] depois tentam se esconder na imunidade parlamentar, enquanto aqueles que eles instigaram estão com penas de 12 a 17 anos [de prisão]."
Alexandre de Moraes fez a declaração ao votar no julgamento do ex-deputado estadual do PL Delegado Cavalcante (CE). Para Moraes, Cavalcante é um exemplo dessas autoridades que incentivaram o quebra-quebra em Brasília em 8 de janeiro de 2023, dias depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter tomado posse.
O Supremo Tribunal Federal (STF) condenou, até o momento, 140 pessoas por participação nos atentados às sedes dos Três Poderes.
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'Vamos ganhar a eleição na bala'
Nas eleições de 2022, Cavalcante defendia o então candidato à reeleição na Presidência Jair Bolsonaro (PL), quando afirmou: "O presidente Bolsonaro é o mais querido. Se a gente não ganhar nas urnas, nós vamos ganhar na bala. Na bala."
Por causa dessa fala, Cavalcante foi condenado pela Justiça Eleitoral do Ceará - decisão confirmada hoje pelo TSE, com o voto de Alexandre de Moraes. O ex-deputado está inelegível por oito anos por incitar a violência.
"O discurso criminoso do então deputado estadual e delegado de polícia é antidemocrático e golpista, é o discurso que gerou o dia 8 de janeiro", disse Moraes ao votar. "Ele [Cavalcante] instigou a desobediência contra a Justiça Eleitoral, afirmou que há fraude nas urnas, instigou a violência armada."