Lula volta a cobrar pedido de desculpas de Javier Milei: 'Tenha respeito pelo Brasil'

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a cobrar um pedido de desculpas do presidente da Argentina, Javier Milei, e afirmou que ele deve “respeitar o Brasil". A declaração foi dada a agências internacionais, nesta segunda-feira (22). A transcrição da entrevista foi disponibilizada pela Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom).

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Lula disse ainda que nunca conversou com Milei, mas revelou tê-lo cumprimentado em uma reunião do G7.

“Eu não falei com ele. Ele passou por mim na reunião do G7 e me cumprimentou. Eu estava até de costas. Eu estava conversando com o meu pessoal. Eu vejo que eu não tenho nenhum problema. Agora, é o seguinte, eu já falei isso, ele tem que pedir desculpas ao Brasil, senão a relação é complicada. Você pode falar a bobagem que você quiser falar desde que você respeite o direito dos outros. É assim que eu faço política internacional”, disse Lula.

Durante a campanha presidencial, Milei fez diversos ataques ao presidente brasileiro, chamando-o de "ladrão" e "comunista" - de forma pejorativa. Lula acabou enviando o chanceler Mauro Vieira para representá-lo na posse do chefe de Estado argentino.

Após assumir, Milei vinha mantendo silêncio sobre Lula. Ele até chegou a enviar uma carta ao presidente brasileiro, mas que teria sido considerada "fria" pelo Itamaraty e que não teria vindo com um pedido de desculpas após os ataques.

No entanto, após uma cobrança pública de desculpas em outra entrevista em junho, Milei voltou ao ataque. O argentino reafirmou o que tinha dito em campanha e disse que Lula era um 'esquerdista egocêntrico'. +Lula volta a criticar Milei por faltar ao Mercosul: “Quem mais perde é o povo argentino”

Ainda na entrevista às agências desta segunda, Lula afirmou que prioriza a relação entre Brasil e Argentina do que o discurso de Milei e lembrou que fez a primeira viagem internacional como presidente, em 2003, para a Argentina, como um gesto de que o Brasil privilegiaria a relação com a América do Sul.

“Então, eu não fico escolhendo quem é o presidente da Argentina. Não cabe a mim escolher o presidente da Argentina, não cabe a mim ficar preocupado com o discurso do presidente da Argentina. Ele seja o que ele quiser. Eu só quero que ele tenha respeito pelo Brasil, da mesma forma que o Brasil tem respeito pela Argentina. Eu só quero que um presidente da República não se esqueça nunca que os interesses do povo são sempre maiores do que os interesses do presidente”, disse o presidente às agências Bloomberg, Reuters, Associated Press, EFE e Xinhua.

O chefe de Estado brasileiro ainda frisou que é necessário cuidar da relação com os países vizinhos. Lula disse que Brasil e Argentina são ligados por um “cordão umbilical” de quase 16.700 quilômetros de fronteira seca e afirmou que se não pode haver uma relação de amizade, que tenha uma relação civilizada.

“É por isso que quando se trata de ter relações com outros países, eu sempre trato de forma privilegiada a relação do Estado brasileiro com o Estado argentino. A relação do Estado brasileiro com o Estado venezuelano. Não é uma relação pessoal. Não é uma questão de amigo, amizade. Não existe isso entre dois chefes de Estado. Então, é isso que eu espero da Argentina, uma relação civilizada, uma relação crescente. E obviamente que vai depender muito do comportamento do governo da Argentina com relação ao Brasil. Eu estou muito tranquilo”, disse.