Lula homenageia Marielle por "luta pelo direito à cidade" e cobra financiamento de países ricos
Em encontro com prefeitos do G20, presidente brasileiro disse que "cidades não podem custear sozinhas a transformação urbana"

Emanuelle Menezes
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) homenageou Marielle Franco, parlamentar carioca assassinada em 2018, neste domingo (17), durante o Urban 20 (U20), fórum que reúne os prefeitos de países que integram o G20. O petista citou a favela da Maré, "berço da vereadora", e afirmou que ela foi "barbaramente assassinada por sua luta pelo direito à cidade e pelos direitos humanos".
"A luta de Marielle por uma cidade mais inclusiva, uma educação pública transformadora e pelo acesso a todos a um serviço público de qualidade é imperativa para criar cidades sustentáveis e que atendam às necessidades de todos", disse com a voz embargada.
Em seu discurso, Lula afirmou também que as cidades enfrentam desafios contra os extremos climáticos e cobrou, mais uma vez, financiamento dos países mais ricos para ações de planejamento urbano e voltadas ao enfrentamento à mudança do clima. "As cidades não podem custear sozinhas a transformação urbana. Elas não podem ser negligenciadas nos novos mecanismos de financiamento da transição climática", disse o mandatário.
"Infelizmente, os governos esbarram em uma enorme lacuna de financiamento no Sul Global. Apenas uma parcela dos recursos necessários chega aos países em desenvolvimento e uma parte ainda menor alcança nossas metrópoles. Existe um déficit no financiamento urbano, que não consegue acompanhar o ritmo da urbanização desordenada em muitas partes do mundo, como a África, a Ásia e a América Latina", completou Lula.
Faixa de Gaza
Lula tem defendido, em praticamente todos os seus discursos em eventos internacionais, uma mudança na governança global e a importância do multilateralismo. Ele mencionou a destruição da Faixa de Gaza por Israel e disse que "não haverá paz nas cidades se não houver paz no mundo".
"Falar em reforma da governança também implica em repudiar a destruição das guerras. A Faixa de Gaza, um dos mais antigos assentamentos urbanos da humanidade, teve dois terços de seu território destruídos por bombardeios indiscriminados. 80% de suas instalações de saúde já não existem mais. Sob seus escombros, jazem mais de 40 mil vidas ceifadas", afirmou.









