Lula diz que alta taxa de juros é “teimosia” de Campos Neto, presidente do Banco Central
Em entrevista ao SBT, presidente diz que só faz sentido a economia crescer "se o povo crescer junto" e que chefe do BC contribui para o “atraso" do crescimento do país
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, pelo alto valor da taxa básica de juros, a Selic, hoje em 11,25%. Ao SBT Brasil, o chefe do poder Executivo afirmou que “não existe nenhuma explicação”. A entrevista completa será exibida no SBT Brasil às 19h45.
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“Não tem nenhuma explicação os juros da taxa Selic estarem a 11,25%. Não existe nenhuma explicação econômica. Não existe nenhuma explicação inflacionária. Não existe nada a não ser a teimosia do presidente do Banco Central a manter essa taxa de juros. Eu sei que o Haddad sofre com isso, eu sei que os empresários todos sofrem com isso, eu sei que a sociedade brasileira tem uma expectativa muito grande”, disse.
Lula também disse ter tido conversas “civilizadas” com Campos Neto e esperava mais prudência e rapidez para reduzir a Selic. Ainda segundo o chefe do poder Executivo, o presidente do BC atrasa o avanço da economia brasileira ao não reduzir os juros.
“Porque, quando este cidadão quando deixar o Banco Central, ele vai ter que medir o que ele fez para este país. Na verdade, o que ele está fazendo neste instante é contribuir para o atraso do crescimento econômico deste país. Ele está contribuindo para que o povo fique mais tempo esperando a oportunidade de trabalhar e ganhar um pouco mais de salário”, complementou.
Ainda segundo Lula, é preciso ter “paciência” e aguardar dezembro de 2024, quando acaba o mandato de Roberto Campos Neto na presidência do Banco Central.
“Vamos ter paciência na expectativa de que não se faça mais bobagem e que vá reduzindo a taxa de juros para que a gente possa sonhar em ter política de crédito para pequenas e médias empresas, para pequenos e médios indivíduos, para cooperativa para que a economia possa deslanchar”, frisou.
O presidente também relembrou o forte crescimento do produto interno bruto (PIB) brasileiro entre 1950 e 1980, em média 7,3% ao ano. Citou que com o ex-ministro da Fazenda, Delfim Netto, em 1973, o PIB do Brasil foi de 14%. No entanto, o povo “não acompanhou” os bons resultados da economia brasileira registrados no PIB ao longo dessas três décadas.
“Só tem sentido a economia crescer se o povo crescer junto. A economia precisa crescer não para enriquecer banqueiro e empresário, é para fazer com que o povo mais humilde, que a mãe de família veja o seu filho ter uma roupa nova, ter comida de qualidade, ter um brinquedo que ele queira possuir, ter acesso a bens que todo mundo tem direito”, concluiu o presidente da República.
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