Lula deve decidir por demissão de Silvio Almeida após reuniões no Planalto
Ministro nega assédio sexual; presidente quer ouvir Anielle Franco e representantes da área jurídica do governo
Uma série de reuniões no Palácio do Planalto na tarde desta sexta-feira (6) deve selar o destino de Silvio Almeida, o ministro de Direitos Humanos que está sendo acusado por um grupo de mulheres de assediá-las sexualmente. Entre as supostas vítimas, está a ministra Anielle Franco (Igualdade Racial).
Conforme a Secretaria de Comunicação da Presidência da República, participarão do encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) os ministros Ricardo Lewandowski (Justiça), Jorge Messias (Advocacia-Geral da União) e Vinicius Carvalho (Controladoria Geral da União).
O presidente também quer ouvir as versões de Almeida e de Anielle Franco antes de qualquer definição. Essas reuniões, contudo, não constam da agenda oficial do presidente.
Entre os corredores do Planalto, a informação é de que se houver uma decisão pela demissão de Almeida, ela ocorrerá ainda nesta sexta-feira, sendo oficializada em uma edição extra do Diário Oficial da União.
A balança em Brasília, no momento, pende mais para uma demissão do que para qualquer outra punição contra o ministro ou a permanência dele no cargo.
Conforme relatos de fontes do governo ao SBT News, a principal razão para uma provável queda é a de que uma das supostas vítimas de Almeida seja outra representante do primeiro escalão do governo, a ministra Anielle Franco (Igualdade Racial).
Ao menos três indícios da queda já foram dados:
1) A fala do presidente Lula em uma entrevista a uma rádio de Goiânia em que ele afirmou que “alguém que pratica assédio não vai ficar no governo”;
2) A postagem de uma foto da primeira-dama, Janja da Silva, dando um beijo na cabeça de Anielle;
3) A nota emitida pelo Ministério das Mulheres citando nominalmente Almeida, e uma foto publicada pela ministra Cida Gonçalves em apoio a Anielle.
Desde quinta-feira, quando as denúncias vieram à tona após publicação do Portal Metrópoles, Almeida tem negado veementemente qualquer acusação.
Em nota oficial e vídeo publicados em suas redes, o ministro tem dito que as denúncias são falsas e que se não forem comprovadas, as acusadoras deverão responder pelo crime de “denunciação caluniosa”.
O ministro dos Direitos Humanos também acionou o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios para solicitar explicações da organização Me Too Brasil sobre denúncias de assédio sexual.
Trata-se de uma interpelação judicial, um instrumento jurídico que permite o pedido de explicações em juízo sobre um determinado assunto antes da abertura de um processo sobre “possível crime contra a honra”, como explicado na minuta da defesa de Almeida.
Nesta sexta-feira, a Polícia Federal abriu um inquérito para investigar a conduta do ministro.