Me Too: saiba o que é a organização que recebeu denúncias de assédio contra o ministro Silvio de Almeida
Criado nos Estados Unidos, movimento ganhou notoriedade em 2016, após denúncias de várias mulheres de Hollywood contra o produtor Harvey Weinstein
O Movimento Me Too Brasil recebeu denúncias de assédio sexual contra o Silvio de Almeida, ministro dos Direitos Humanos do governo Lula. Segundo a organização, as pessoas que denunciaram "foram atendidas por meio dos canais de atendimento da organização e receberam acolhimento psicológico e jurídico". O caso foi divulgado nesta quinta-feira (5). Em nota, Silvio Almeida disse que as acusações são "mentiras".
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O movimento Me Too é uma campanha internacional contra o assédio e a violência sexual contra mulheres e foi criada pela ativista Tarana Burke, em 2006, nos Estados Unidos. Seu objetivo inicialmente era criar uma rede de apoio e dar visibilidade às experiências de abuso e assédio. A organização ganhou visibilidade a partir de 2017, quando várias mulheres da indústria do entretenimento, principalmente em Hollywood, começaram a denunciar publicamente casos de abuso envolvendo figuras poderosas, como o produtor de cinema Harvey Weinstein.
O ex-produtor de Hollywood, de 72 anos, cumpre pena de 23 anos em uma prisão de Nova York após ser condenado por praticar sexo oral à força em uma assistente de produção, em 2006, e por estupro de uma aspirante a atriz, em 2013.
O movimento sem fins lucrativos, que começou com foco na denúncia de abusos em ambientes profissionais, cresceu e se expandiu para um debate mais amplo sobre machismo, abuso de poder, desigualdade de gênero e violência contra a mulher. "Nossa missão é apoiar vítimas de violência sexual a romperem o silêncio", afirma a organização.
Casos de atuação do Me Too
Vítimas de violência sexual, especialmente quando os agressores são figuras poderosas ou influentes, como o ministro Silvio Almeida, frequentemente enfrentam obstáculos para obter apoio e ter suas vozes ouvidas. Por isso, o Me Too Brasil desempenha um papel crucial ao oferecer suporte incondicional às vítimas, mesmo que isso envolva enfrentar grandes forças e influências associadas ao poder do acusado. Relembre alguns casos a seguir:
Dominique Strauss-Kahn Ex-diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), foi acusado de tentativa de estupro por uma camareira de hotel em Nova York, em 2011. Embora o caso tenha ocorrido nos EUA, ele teve grande impacto na França, onde outras mulheres também denunciaram Strauss-Kahn por comportamento inapropriado e agressões sexuais. O caso voltou a ganhar visibilidade com a onda do Me Too em 2017.
Gérard Depardieu O ator francês, famoso mundialmente, foi acusado de estupro e agressão sexual por uma jovem atriz em 2018. Depardieu chegou a ser preso este ano por causa das acusações de agressão sexual a duas mulheres, em casos que teriam ocorrido em 2014 e 2021.
Peter Martins O diretor do Ballet da Cidade de Nova York e ex-dançarino de origem dinamarquesa foi acusado de abuso sexual e comportamentos inadequados por várias dançarinas. As alegações incluíam assédio sexual, abuso psicológico e físico. Ele renunciou ao cargo em 2018, em meio às investigações.
Rob Cohen O diretor de Hollywood, conhecido por dirigir filmes como "Velozes e Furiosos", foi acusado de assédio e abuso sexual pela atriz Asia Argento.
O caso Silvio Almeida
O ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, foi denunciado por assédio sexual contra mulheres. A informação foi revelada pelo portal Metrópoles, nesta quinta-feira (5), e confirmada pela organização Me Too Brasil, que atua em defesa de mulheres vítimas de violência. Procurado, o ministro ainda não se manifestou. As denúncias foram levadas por mulheres à organização, que manteve o sigilo dos atendimentos e não divulgou os nomes das supostas vítimas. A ONG confirma ter recebido relatos contra o ministro e que as denúncias apontam falta de apoio institucional em resposta ao suposto crime.
Silvio Almeida está no comando da pasta dos Direitos Humanos desde o início da terceira gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo a notícia publicada pelo portal Metrópoles, ações de assédio sexual teriam sido cometidas pelo ministro com diferentes mulheres e em diversas situações.
O SBT News entrou em contato com o Palácio do Planalto e com o Ministério dos Direitos Humanos para uma posição referente às denúncias, mas não obteve retorno até a publicação deste texto. A reportagem será atualizada assim que houver resposta.