Lula classifica 2026 como "ano da verdade" e diz que polarização impede que feitos do governo impactem pesquisas
Presidente também afirmou que ministros que deixarem Esplanada para concorrer nas eleições terão de mostrar de que lado estão
Felipe Moraes
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quarta-feira (17), na última reunião ministerial de 2025, que 2026 será "ano da verdade" para futuro do governo e que ministros que deixarem a Esplanada para concorrer a cargos nas eleições de 2026 terão de mostrar de que lado estão. O mandatário também opinou que polarização política no país, comparável, segundo ele, a rivalidades históricas no futebol, impede que feitos da gestão apareçam com mais força em pesquisas de opinião.
Segundo apuração dos repórteres Murilo Fagundes e Hariane Bittencourt, do SBT News, junto a fontes do governo, 20 dos 38 ministros devem deixar governo até abril para disputa no pleito ano que vem. "Já anunciamos todas as políticas sociais que a gente tinha que anunciar", falou Lula. "Ano eleitoral vai ser ano da verdade."
"Temos de criar ideia da hora da verdade, pra mostrar quem é quem nesse país, quem faz o quê, o que aconteceu antes de nós e o que acontece quando nós chegamos, qual foi a mudança que houve na economia, na educação, na saúde, nas políticas de inclusão de mulher, indígenas, quilombolas. Precisamos fazer com o que o povo saiba o que aconteceu nesse país", acrescentou Lula.
"Tenho impressão de que o povo ainda não sabe, que ainda não conseguimos narrativa correta para fazer com que o povo saiba fazer avaliação das coisas que aconteceram nesse país. Ano que vem é ano em que a gente tem oportunidade não só porque estaremos em disputa, mas porque cada ministro, cada partido de que vocês participam vai ter que estar no processo eleitoral e definir de que lado está. Será inexorável as pessoas terem definido discurso que vão fazer. Vão ter que defender aquilo que ele acha que pode elegê-lo", reforçou.
Lula compara polarização política a rivalidades do futebol
O presidente também avaliou que o governo termina 2025 "numa situação amplamente favorável, embora isso não apareça com força que deveria aparecer nas pesquisa de opinião pública". "Não aparece porque existe polarização no país. É como se fosse Corinthians e Palmeiras, Ceará e Fortaleza, Grêmio e Internacional, Atlético Mineiro e Cruzeiro, Flamengo e Vasco. Rivalidade em que ninguém muda de posição, a não ser em momentos extremos", completou, citando eleições.
Levantamento da Quaest divulgado nessa terça (16) mostrou empate técnico na avaliação do governo, com 49% de desaprovação e 48% de aprovação. Pesquisa também apontou liderança de Lula em todos os cenários eleitorais do próximo ano, com eventual vitória de 46% a 36% no segundo turno sobre o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), pré-candidato à Presidência escolhido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Lula ainda elogiou atuação de bancos públicos no crescimento de setores como agricultura e indústria, dizendo que "há décadas não faziam capacidade de investimento que estão fazendo agora". "Momento quase que ímpar na história desse país", opinou.
O mandatário também analisou feitos do governo em cenário que, segundo ele, "teoricamente analistas políticos achavam impossível acontecer", já que o Executivo não tem maioria na Câmara e no Senado para aprovar pautas. "Aconteceu pela persistência de cada um de vocês, pela capacidade de conversa que vocês tiveram, pela capacidade de argumentação", ressaltou.
"Falei pro Trump: 'Fica mais barato conversar, menos sofrido conversar, do que guerra'. Se a gente acreditar no poder do argumento, da palavra, a gente evita muita confusão na vida dos países", completou o presidente, mencionando aprovação de "coisas sagradas" em 2025, como ampliação da isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil por mês, medida que começa a valer em 2026.
Por fim, Lula disse acreditar o governo precisa fazer "muito mais". "Porque minha teoria é que dinheiro na mão do povo resolve o problema. Se tiver dinheiro na mão do povo, tá resolvido problema da industrialização, do consumo, da agricultura, da inflação. Na mão de todos, tá resolvido parte do trauma desse país. Verdade nua e crua é que acabamos com invisibilidade do povo pobre desse país, povo que só era reconhecido em época de eleição", comentou.







