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Política

Lira cobra retratação de CEO do Carrefour e diz que Câmara discutirá lei de reciprocidade

Deputado fala em "protecionismo exagerado"; Carrefour confirma que frigoríficos brasileiros deixaram de fornecer carne, mas ainda não há desabastecimento

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Lira participou da abertura do CNC Global Voices, em São Paulo, nesta segunda-feira (25) | Mário Agra/Câmara dos Deputados
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O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), cobrou uma retratação do CEO do Carrefour, Alexandre Bompard, pelo anúncio de que a empresa deixaria de comercializar carne produzida nos países do Mercosul em suas lojas na França. O Mercosul é formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.

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"Nos incomoda muito o protecionismo europeu, principalmente da França com o Brasil, e deverá ter esta semana por parte do Congresso Nacional, na sua pauta, a lei da reciprocidade econômica entre os países", afirmou Lira. "Não é possível que o CEO de um grupo importante como o Carrefour não se retrate de uma declaração de praticamente não contratar as proteínas animais advindas e oriundas da América do Sul", prosseguiu.

Lira se manifestou sobre o tema durante participação na abertura do CNC Global Voices, em São Paulo, nesta segunda-feira (25), promovido pela Confederação Nacional do Comércio (CNC) e outras entidades.

Ainda de acordo com o presidente da Câmara, o Congresso, os empresários e a população brasileira precisam "dar uma resposta clara para que esse protecionismo exagerado dos produtores da França não se cause motivo de rotina de injusto protecionismo contra os interesses de quem protege [o meio ambiente] embaixo da lei mais rígida, no sentido ambiental mundial, que é o nosso Código Florestal".

A lei da reciprocidade econômica entre os países, citada por Lira, e que o Congresso pretende pautar nesta semana, é um projeto apresentado pelo deputado federal Tião Medeiros (PP-PR) em abril deste ano. A proposta está aguardando designação do relator na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável.

O texto proíbe ao Brasil participar e aceitar tratados e acordos que possam representar restrições às exportações brasileiras e ao livre comércio, quando os outros países ou blocos signatários não adotarem, em seu marco legal e regulatório, instrumentos equivalentes às disposições contidas em normas brasileiras.

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Sem falta de carne nas lojas

Em nota divulgada nesta segunda-feira, o Grupo Carrefour Brasil afirmou que a decisão pela suspensão do fornecimento de carne pela indústria nacional impacta seus clientes, "especialmente" aqueles que confiam no grupo "para abastecer suas casas com produtos de qualidade e responsabilidade".

Ao enviar o comunicado, a assessoria de imprensa da companhia salientou, no entanto, que "não há falta de carne nas lojas da empresa" até o momento.

Na semana passada, o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, Pedro Lupion (PP-PR), disse que a decisão do Carrefour é "mais uma tentativa de lacração dos franceses, que tentam conversar e atender os anseios dos seus produtores rurais, e nem isso conseguem".

Lupion ainda propôs ao agro brasileiro a paralisação da entrega de carnes ao Carrefour no Brasil, como retaliação. "Não aceitamos e não aceitaremos. Se a carne brasileira serve para ser consumida nas lojas do Carrefour e de todas as suas outras empresas aqui no Brasil, elas servem também para a Europa", pontuou.

"Sugiro e já conversei, inclusive, com as entidades de produtores de proteína, de carne, que parem de entregar os seus produtos para o Carrefour e para as demais marcas dessa empresa aqui no Brasil, para que eles entendam o que é respeitar o produtor rural brasileiro".

Confira o posicionamento do Carrefour Brasil:

"Nós, do Grupo Carrefour Brasil, lamentamos profundamente a atual situação e reafirmamos nossa estima e confiança no setor agropecuário brasileiro, com o qual sempre mantivemos uma relação sólida e de parceria. Entendemos a importância deste setor para a economia e para a sociedade como um todo, e continuamos comprometidos com o fortalecimento dessa relação.

Infelizmente, a decisão pela suspensão do fornecimento de carne impacta nossos clientes, especialmente aqueles que confiam em nós para abastecer suas casas com produtos de qualidade e responsabilidade.

Há 50 anos temos construído e mantido uma excelente relação com nossos parceiros e fornecedores, pautada pela confiança mútua. Por isso, estamos em diálogo constante na busca de soluções que viabilizem a retomada do abastecimento de carne nas nossas lojas o mais rápido possível, respeitando os compromissos que temos com nossos mais de 130 mil colaboradores e com milhões de clientes em todo o Brasil.

Reiteramos nosso compromisso com o país, o respeito ao consumidor e a transparência em todas as etapas deste processo. Seguiremos trabalhando para resolver essa situação da melhor forma possível, sempre com o objetivo de atender com qualidade e excelência aos nossos clientes."

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