INSS: Haddad diz que Lula determinou "punição exemplar dos responsáveis" e "ressarcimento das pessoas lesadas"
Em entrevista, ministro da Fazenda evita criticar Lupi e diz confiar na investigação da CGU e da PF

Felipe Moraes
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comentou nesta segunda-feira (12) escândalo envolvendo descontos irregulares em benefícios de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Em entrevista ao Canal Uol, afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) determinou "punição exemplar dos responsáveis e o o ressarcimento das pessoas lesadas", defendeu independência da investigação da Controladoria-Geral da União (CGU) e da Polícia Federal (PF) e evitou criticar o ex-ministro Carlos Lupi, da Previdência Social.
Haddad reconheceu que o caso representa um "escândalo" que "enojou o país inteiro". Investigação da CGU e da PF apontou desvio de R$ 6,3 bilhões de pensões e aposentadorias por entidades, associações e sindicatos. O golpe vem ocorrendo desde 2016. "A questão penal não esgota o assunto, não só é uma questão civil, da reparação", falou o ministro.
Ele avaliou que a CGU "agiu corretamente" em entregar a investigação à PF. "A Polícia Federal tem experiência necessária para saber qual é o procedimento a adotar para pegar todo mundo."
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"Você tem que mobilizar a autoridade competente para buscar a responsabilização", reforçou o ministro, destacando que "quem vai julgar o método de responsabilização é a autoridade competente".
"A partir do momento em que a Polícia Federal está envolvida, não se trata mais de um governo, é uma instituição de Estado. O Estado brasileiro reprimindo o crime. Então, o método a seguir para chegar nos responsáveis, recuperar o dinheiro e tudo mais não é de competência de um ministro mais. Nem pode ser", avaliou.
Valor total da fraude ainda é calculado, diz Haddad
Haddad também disse que após bloqueio de "volume considerável de recursos das associações fraudadoras", autoridades ainda trabalham para calcular tamanho exato do golpe. "Nós temos que saber exatamente o valor da fraude e temos que saber se os valores bloqueados das associações pagam [o prejuízo]", falou.
Questionado pelo Uol se Lupi foi "omisso" no caso, Haddad evitou criticar o ex-ministro. "Eu não estou aqui querendo julgar porque eu confio muito no trabalho da da Controladoria da União, muito. Conheço o ministro Vinicius Carvalho [da CGU] e reconheço nele uma alta capacidade técnica e confio muito na Polícia Federal. A Polícia Federal tem feito um excelente trabalho no Brasil. Agora, os meandros da operação, aí tem que ser quem estava à frente", declarou.
Segundo Haddad, a CGU tem independência para investigar o caso. "Quando você cria uma Controladoria com autonomia, se amanhã um amigo teu, um parente tá fazendo coisa errada, vai ele junto. E graças a Deus que funciona assim", falou.