Há mais de 100 horas em greve de fome, Glauber Braga recebe visita de ministros
Márcio Macêdo, Cida Gonçalves e representantes de movimentos sociais visitaram deputado, que faz greve em protesto contra o processo de cassação

Gabriela Tunes
O deputado federal Glauber Braga (PSOL) continua neste domingo (13) com a greve de fome dentro da Câmara dos Deputados, em protesto contra o processo de cassação do qual é alvo. Durante a manhã, o deputado recebeu as visitas dos ministros da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macedo, e das Mulheres, Cida Gonçalves. Eles estavam acompanhados de suas equipes e de lideranças de movimentos sociais.
Durante a visita, o ministro disse que espera que a Câmara reveja o processo de cassação. “Eu espero que a Câmara possa rever esse processo e que você possa continuar cumprindo seu papel. E que seja feito um diálogo para que esse processo possa se encerrar da melhor forma possível respeitando o mandato”, disse.
O deputado também recebeu a visita de crianças e de entidades presentes, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) e o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).
+Glauber Braga dorme no chão da Câmara após votação de cassação
Glauber Braga está há mais de 100 horas em greve de fome, instalado no plenário 5 da Câmara dos Deputados, onde foi realizada a reunião do Conselho de Ética. De acordo com a assessoria do deputado, ele está em condições saudáveis. Na manhã deste domingo, o deputado tomou dois copos de soro e três copos de água até as 10h. A avaliação médica está sendo feita duas vezes por dia.
Sessão foi marcada por bate-boca e críticas ao relator
A sessão do Conselho de Ética que decidiu pela cassação foi tensa e cheia de confusão. Por 13 votos a 5, o Conselho aprovou o parecer do relator, deputado Paulo Magalhães (PSD-BA), que recomenda a cassação do mandato por quebra de decoro parlamentar.
Deputados aliados de Glauber reclamaram que o relator do caso sequer leu o parecer que recomendava a punição mais severa. O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) chegou a apresentar um voto alternativo pedindo a absolvição de Glauber, lembrando que o militante envolvido na confusão teria ofendido a mãe do parlamentar.
Vários deputados apontaram que a pena de cassação foi desproporcional e que o Conselho poderia ter optado por punições mais leves, como advertência ou suspensão. “Estão punindo a vítima e premiando o provocador”, afirmou o deputado Guilherme Boulos (PSOL-SP).
O episódio que gerou o processo
O processo contra Glauber foi aberto após um episódio ocorrido em abril do ano passado, quando ele expulsou, com empurrões e chutes, o militante Gabriel Costenaro, do Movimento Brasil Livre (MBL), durante uma manifestação na Câmara. Costenaro participava de um ato em apoio a motoristas de aplicativo.
O deputado afirma que reagiu a provocações, mas o deputado Kim Kataguiri (União-SP) rebateu dizendo que as imagens mostram o contrário que Glauber foi quem partiu pra cima. Segundo Kataguiri, até assessores tentaram segurar o deputado, que teria "perdido o controle".