Ministro e Moro batem boca no Senado sobre fraude no INSS: "O senhor era ministro e fez alguma coisa?"
Wolney Queiroz e senador tiveram embate sobre responsabilidade por escândalo de descontos indevidos em aposentadorias e pensões

Ellen Travassos
Em sessão tensa na Comissão de Fiscalização e Controle do Senado, nesta quinta-feira (15), o ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz, e o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) protagonizaram bate-boca sobre as responsabilidades pelo esquema de fraudes envolvendo descontos indevidos em aposentadorias e pensões do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
O embate ganhou novos contornos quando o ministro citou uma reportagem revelando que um servidor já havia denunciado irregularidades à Polícia Federal em 2020.
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Wolney provocou o ex-ministro da Justiça no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL): "Em 2020, um servidor enunciou à PF descontos indevidos e fraudes. Na época, o senhor comandava a Justiça. Fez alguma coisa?".
Moro rebateu afirmando que o caso nunca chegou ao conhecimento dele e acusou Wolney de tentar transferir responsabilidades: "O senhor nunca agiu e agora quer me culpar".
A discussão se aprofundou quando Moro questionou por que o governo atual, que recebeu alertas sobre as fraudes em junho de 2023 durante reunião do Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS), não agiu preventivamente – período em que Wolney era secretário-executivo da pasta.
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O diálogo manteve-se em clima de acusações mútuas, com Wolney tentando encerrar a discussão: "Eu não queria ficar nesse bate-boca, mas vossa excelência, como ministro da Justiça, tinha muita obrigação de saber do que eu […]. Foi nosso governo que chamou a polícia", argumentou.