Erika Hilton diz que acionou ONU e Comissão Interamericana de Direitos Humanos após ter gênero alterado em visto americano
Consulado americano registrou seu "sexo biológico" como masculino, contrariando documentos brasileiros da deputada
Jésus Mosquéra
Lara Curcino
Yumi Kuwano
Nesta quarta-feira (16), a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) disse, em entrevista ao Poder Expresso, do SBT News, que já acionou o Itamaraty, a Organização das Nações Unidas (ONU) e também a Comissão Interamericana de Direitos Humanos sobre a mudança de gênero em seu visto emitido pelo consulado dos Estados Unidos, em Brasília.
"Isso é um abuso de autoridade, um incidente diplomático, uma violação dos documentos brasileiros e dos direitos humanos de uma parlamentar", disse a deputada.
O consulado americano registrou seu "sexo biológico" como masculino, contrariando sua certidão de nascimento retificada e passaporte brasileiro, que atestam sua identidade feminina.
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Erika afirmou que vai levar a discussão ao Congresso Nacional e recorrer a todas as instâncias que possam debater o assunto. "Precisamos esgotar todos os recursos para que medidas possam ser tomadas", argumentou.
Com a alteração imposta pela política de gênero do governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a parlamentar decidiu cancelar a sua viagem aos EUA, em que participaria da Brazil Conference at Harvard & MIT 2025.
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A deputada, que fazia parte de uma missão oficial da Câmara dos Deputados, estava programada para participar do painel "Diversidade e Democracia" em 12 de abril, ao lado de outras autoridades brasileiras. Hilton revelou que a mesma embaixada americana havia emitido um visto respeitando sua identidade feminina em 2023.
A deputada classificou a ação como "transfobia de Estado" e acusou Trump de transformar o governo americano em uma "máquina de perseguição a minorias".
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Após a repercussão, a embaixada dos Estados Unidos em Brasília disse que o governo americano só reconhece dois sexos: o masculino e o feminino, de acordo com a Ordem Executiva 14168.
A Ordem assinada por Trump em 20 de janeiro exige que os departamentos federais reconheçam o gênero como um binário masculino-feminino imutável e proíbe a autoidentificação de gênero em documentos federais.