Entenda por que Lira e Motta saíram derrotados na estratégia de cassação dupla de Glauber e Zambelli
Plenário desfez o roteiro articulado para punir um deputado da esquerda e outro da direita; decisões expõem perda de controle sobre a base


Murilo Fagundes
A madrugada desta quinta-feira (11) expôs um revés incomum para o Centrão. A Câmara enterrou o processo contra Carla Zambelli (PL-SP) e transformou a cassação de Glauber Braga (PSOL-RJ) em suspensão de seis meses.
O movimento frustrou a estratégia costurada durante todo o dia por aliados do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), de oferecer um "equilíbrio político" após a aprovação, na véspera, do projeto que reduz penas de condenados por atos golpistas.
A ideia era simples: cassar um parlamentar da esquerda e outro da direita, produzindo um gesto simbólico de imparcialidade institucional. Esse roteiro, no entanto, implodiu no plenário.
Primeiro, o PSOL conseguiu aprovar uma emenda substituindo a cassação de Glauber por uma suspensão temporária. A manobra contou com apoio do governo e de parte do próprio Centrão, que avaliou ser arriscado insistir em uma pena mais dura. O risco era sair sem cassação e sem suspensão.
O golpe final veio no processo de Zambelli. Mesmo condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e presa em Roma, a deputada manteve o mandato. O parecer que pedia sua cassação recebeu 227 votos, trinta a menos que o mínimo necessário. Outras 170 manifestações foram contrárias e dez parlamentares se abstiveram, consolidando a derrota.
Na prática, Hugo Motta e Arthur Lira, que defendiam a cassação dupla, viram ruir as duas engrenagens centrais do plano.
A cassação exemplar não veio; a punição equilibrada também não. A governabilidade num tema altamente sensível escapou ao controle da Mesa.
O resultado cria ruído político e expõe uma fissura entre os líderes do bloco e suas bancadas: um alerta para as próximas votações de alto impacto institucional.









