Entenda mudança de discurso do governo brasileiro sobre Maduro e eleição na Venezuela
Em entrevistas, Lula fez críticas ao presidente venezuelano e chegou a sugerir novo pleito para solucionar impasse eleitoral
Felipe Moraes
Afonso Benites
Recentes manifestações do governo do Brasil revelam mudança de discurso e postura em relação à eleição na Venezuela, com dois vencedores autodeclarados — o presidente Nicolás Maduro, apontando dados de órgãos oficiais, mas controlados por aliados, e o principal opositor, Edmundo González Urrutia, com apuração independente. Quem faz essa análise é o editor-executivo do site SBT News em Brasília, Afonso Benites, no Brasil Agora desta sexta-feira (16). Assista ao programa no canal do portal no YouTube.
Críticas a Maduro e até sugestão de nova eleição
Nessa quinta (15), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse, em entrevista, que ainda não reconhece reeleição de Maduro, afirmou que presidente venezuelano "sabe que está devendo explicação" e sugeriu até novo pleito para fim da crise política no país vizinho. Nesta sexta (16), opinou novamente, classificando governo como "desagradável" e de "viés autoritário", mas sem definir gestão como ditadura.
Já o assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Celso Amorim, participou ontem de comissão no Senado e disse que o governo brasileiro não pediu oficialmente nova eleição. Mas reforçou que não há reconhecimento de "um governo se essas atas não aparecerem", em referência à documentação dos votos.
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"Há uma mudança de discurso do governo brasileiro", apontou Benites. "Não fala de atas o tempo todo. Até porque, depois de tanto tempo, essas atas poderiam vir acompanhadas daquele meme. Com a assinatura: 'é verdade esse bilete'", brincou. "Qual confiança vai ter para comunidade internacional e até população venezuelana?", completou.
Benites comentou que "chance de novas eleições é reduzida, perto de zero" e que o que pode estar na mesa, no momento, é uma possível anistia a Maduro, algo que a Casa Branca, nos Estados Unidos, já negou. "Para ele poder deixar o governo. A vontade dos EUA é de que ele deixe o governo", apontou.
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Em contrapartida, Maduro reclamou das posições críticas de Brasil e Colômbia, sobretudo do presidente Gustavo Petro, e do que chamou de interferência dos EUA, que reconheceram vitória de González Urrutia. Também afirmou que instituições venezuelanas darão solução ao impasse eleitoral.