Empresas de ônibus e PCC: contratos não podem ser rompidos com base em suspeitas, diz Nunes
Prefeito de São Paulo admitiu em entrevista exclusiva ao SBT News que indícios do envolvimento de facção criminosa com o serviço de transporte são antigos
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), afirmou que sua preocupação principal após a operação que prendeu dirigentes de duas empresas de ônibus por suspeita de ligação com o PCC é manter o transporte coletivo na cidade funcionando. Segundo ele, os contratos com a Transwolff e a UPBus – que agora estão atuando sob intervenção municipal – não podem ser rompidos apenas com base em suspeitas.
"Não posso atuar com suspeitas. Não posso romper um contrato baseado em suspeitas, porque as pessoas estão lá no processo da sua defesa. Mas tenho esperança, expectativa, que dessa vez eles [Ministério Público] vão, com essa grande operação, resolver essa situação", disse Nunes.
A declaração foi dada em entrevista exclusiva para o SBT News nesta sexta-feira (12). A íntegra da conversa estará disponível no canal do SBT News no Youtube na próxima segunda (15).
Os indícios de envolvimento do Primeiro Comando da Capital (PCC) com empresas de ônibus são antigos, admite o prefeito. Em 2022, a Polícia Civil fez uma operação para investigar a lavagem de dinheiro do crime organizado na Transunião, outra companhia de transporte da capital paulista.
Ricardo Nunes defende, porém, que sem uma condenação da Justiça, a Prefeitura não pode fazer mudanças contratuais. "Indícios existem há décadas. Comentários de que organização criminosa participa de empresas de ônibus existem há décadas. De concreto, uma condenação que faça com que a administração mude o seu contrato, que dê respaldo jurídico para alguma mudança, efetivamente a gente não tem", afirmou.
Segundo o prefeito, a parte administrativa das empresas estava de acordo com a legislação, com todos os funcionários registrados pela CLT e recebendo corretamente salários e as férias. A Prefeitura, afirma ele, "jamais fechará os olhos" para as investigações do Ministério Público, que apontam o uso dessas companhias para lavagem de dinheiro de membros do PCC.
"Jamais vamos aceitar que um serviço público, mesmo que ele esteja sendo bem realizado, tenha o envolvimento de alguém do crime organizado", afirmou.
De acordo com Nunes, foi a própria Prefeitura, por meio da Controladoria Geral do Município e da Procuradoria Geral do Município, que pediu ao Ministério Público que investigasse as empresas, já que só o órgão poderia fazer a quebra do sigilo fiscal e telefônico dos suspeitos.
O prefeito aproveitou para criticar um vídeo publicado pelo também pré-candidato Guilherme Boulos (PSOL), que, segundo as pesquisas de intenção de voto, deve ser seu principal adversário na corrida pela Prefeitura de São Paulo. Nele, o deputado federal afirma que a gestão de Ricardo Nunes pagou R$ 800 milhões para as empresas investigadas pela Operação Fim da Linha.
"A Prefeitura não envia dinheiro para empresa envolvida com o PCC. A Prefeitura remunera o serviço que a empresa presta para a população. Quando ela faz o transporte, a partir de um contrato, tenho que remunerar", defendeu o emedebista.