Defesa de Braga Netto diz que vai atacar argumentos de Mauro Cid: "Delação mentirosa"
José Luis Oliveira Lima se diz "indignado" com situação do general e defende sua inocência
Gabriela Vieira
O advogado do ex-ministro da Casa Civil, Braga Netto, disse nesta quarta-feira (3) que não existe nenhuma prova contra o general e que a delação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, é um acordo de colaboração mentiroso.
“O acordo de colaboração premiada de Mauro Cid é viciado, é mentiroso, é desprovido de provas. Vamos atacar todos os argumentos colocados pela defesa [dele]. As gravações mostram que Mauro Cid foi coagido”, disse José Luis de Oliveira Lima, durante o segundo dia do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF).
Durante a defesa, o advogado conhecido como "Juca" questionou: "Em qual das inúmeras versões apresentadas pelo delator a PGR se manifestou. Eu vou mostrar a vossas excelências as sete versões apresentadas pelo delator sobre o general Braga Netto. (...) Isso é uma farsa. Uma mentira".
No processo que investiga a acusação de golpe do ex-presidente e outros sete réus, a defesa disse que houve restrição ao direito de manifestação e não teve tempo para análise de todas as provas. Ele também defendeu que a delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid deve ser anulada.
Vícios na delação
A defesa afirmou que existem três vícios no acordo de colaboração premiada: o acordo foi firmado pela Polícia Federal (PF) e Cid, sem a participação do Ministério Público; Mauro Cid ficou preso por quatro meses e em três dias negociou as condições da delação; e, por último, o defensor defende a falta de provas.
Ainda citou que, entre as provas existentes contra Braga Netto, estão incluídas uma delação "mentirosa" e oito "prints adulterados". Juca diz respeito as conversas de WhatsApp entre Braga Netto e os então comandantes do Exército, Freire Gomes, e Aeronáutica, Baptista Júnior, que não seguiram os planos golpistas após encontro com Jair Bolsonaro.
"Não se pode condenar alguém com base em narrativas. E o Ministério Público não trouxe prova nenhuma. Não por incompetência, não por inércia. É porque não as tem em relação a Walter Braga Netto. Com toda essa quantidade industrial de documentos, o que temos contra Braga Netto é essa delação e oito prints", acrescentou.
Prisão Braga Netto
Braga Netto se encontra preso desde 14 de setembro de 2024, no Rio de Janeiro. O motivo seria a interferência do ex-ministro que tentou acessar a delação de Mauro Cid para interferir nas investigações em curso.
O advogado, além de ter feito seis pedidos de revogação da preventiva, pediu uma acareação entre Cid e o general. O encontro aconteceu em 24 de junho.
Julgamento
O ex-presidente e os outros sete réus no chamado "núcleo 1" são julgados por organização criminosa armada; tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; golpe de Estado; dano qualificado pela violência e ameaça grave e deterioração de patrimônio tombado. Se condenado por todos os crimes, Bolsonaro pode pegar até 43 anos de prisão.






