CPMI do INSS ouve presidente do Sindnapi, ligado a irmão de Lula
Parlamentares apontaram que entidade foi uma das beneficiadas pelos descontos indevidos nos pagamentos de aposentados e pensionistas

Camila Stucaluc
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga as fraudes bilionárias no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) ouve, nesta quinta-feira (9), o presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), Milton Baptista de Souza Filho. A oitiva acontece pela manhã, após o colegiado analisar requerimentos pendentes.
O Sindnapi é investigado na Operação Sem Desconto, da Polícia Federal. Ligado à Força Sindical, o sindicato tem como vice-presidente José Ferreira da Silva, conhecido como Frei Chico, irmão mais velho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O depoimento de Souza Filho foi solicitado em 10 requerimentos apresentados à comissão. Em um deles, o senador Rogerio Marinho (PL-RN) sustentou que o Sindnapi aparece entre as entidades que mais teriam sido beneficiadas pelo esquema de descontos indevidos nos pagamentos de aposentados e pensionistas.
“O Sindnapi recebeu mais de R$ 1 bilhão entre 2008 e 2025, segundo dados oficiais corrigidos monetariamente. No entanto, a análise técnica aponta para um conjunto robusto e convergente de irregularidades, privilégios e indícios de favorecimento institucional que exigem esclarecimentos públicos e imediatos por parte da entidade”, disse Marinho.
Pedidos de prisão
Na noite de quarta-feira (8), o presidente da CPMI do INSS, senador Carlos Viana (Podemos-MG), se reuniu com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça, relator do inquérito na Corte. No encontro, o parlamentar pediu o cumprimento das 19 prisões já aprovadas pelo colegiado.
“Os investigados possuem aviões, vistos e recursos para deixar o país, e não podem permanecer impunes”, disse Viana. “Reforcei ao ministro minha confiança em seu trabalho e minha convicção de que essa relatoria em suas mãos será fundamental para garantir justiça aos aposentados, às viúvas e aos órfãos do Brasil”, acrescentou.
Fraude financeira
Em abril, a Polícia Federal expôs um esquema de descontos indevidos por parte de entidades nos pagamentos de aposentados e pensionistas do INSS. As fraudes aconteceram entre 2019 e 2024, com prejuízo estimado de R$ 6,3 bilhões.
A revelação resultou no afastamento de cinco servidores públicos suspeitos de participarem no esquema, bem como na demissão do então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto. Outro que deixou o cargo foi o então ministro da Previdência Social, Carlos Lupi (PDT), pressionado pela oposição.
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Em meio ao cenário, parlamentares abriram uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para apurar o caso e responsabilizar aqueles que participaram do esquema. As investigações apontam Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como o "Careca do INSS", como uma das peças-chave do crime. Ele foi preso em 12 de setembro, suspeito de facilitar os descontos indevidos nos pagamentos dos beneficiários.