Cobrança de Lula a ministros vai melhorar relação do governo com Congresso? Veja análise
Após reunião com presidente da Câmara, chefe do Executivo deu recados públicos a Alckmin e Haddad sobre articulação política
A nova cobrança pública do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a ministros, como Fernando Haddad (Fazenda) e o também vice-presidente Geraldo Alckmin (Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), pode melhorar a relação do Executivo com o Congresso Nacional? Quem analisa o assunto é o jornalista Leonardo Cavalcanti, no Brasil Agora desta terça-feira (22).
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Para o repórter do SBT News, o fato de Arthur Lira (PP-AL) estar no último ano como presidente da Câmara dos Deputados conta para atritos e ruídos nesse diálogo entre Legislativo e governo.
"Aqui em Brasília, a gente tem expressão que diz o seguinte: quando a pessoa está perdendo poder, o café não vem mais quente, vem frio. Depois do recesso, campanha eleitoral, pautas-bomba... Claramente, Lira vai pressionar pra ver se consegue manter o café aquecido até o fim do mandato", analisa Cavalcanti.
O jornalista acredita que o governo Lula "também trabalha com esse prazo" até a próxima eleição para a presidência da Câmara, no início de 2025. "Não é de escantear Lira. Tanto é que recado de Lula em relação a ministros vem depois do encontro com Lira", diz.
Por isso, os próximos movimentos de Lira vão ser tanto de encontrar sucessor viável quanto sobre o que deve fazer e como se comportar nos próximos dois anos de mandato.
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"Se falava, no início do governo Lula, de ministério pra Lira. Hoje é improvável neste momento? Mais difícil. Por conta desse avanço contra o governo. Não duvido que, de alguma forma, esse movimento possa voltar", indica Cavalcanti.
Comparando Lira com o presidente do Senado e do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que costuma ser mais moderado nos posicionamentos, o jornalista vê expectativas políticas distintas nos dois.
"O estado de Lira [Alagoas] tem população menor. Consegue fazer movimentos agressivos, nessa perspectiva também mais local. Estado de Pacheco [Minas Gerais] é um dos maiores colégios eleitorais e dividido politicamente. Ele tem que se equilibrar e ser mais discreto nesses movimentos", aponta.