Lula cobra agilidade de Alckmin e pede para Haddad falar mais com Congresso “em vez de ler livro”
Presidente deu recado a ministros em meio a momento de instabilidade na relação do Planalto com a Câmara e o Senado
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou maior participação do vice-presidente e ministro da Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, nas articulações políticas com o Congresso Nacional. A cobrança surge em um momento em que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), está em franco embate com o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha.
Lula falava sobre o tamanho da bancada do PT na Câmara, e por isso, os ministros e integrantes da base precisam intensificar as negociações para conseguir aprovar as pautas prioritárias do governo. Segundo Lula, Alckmin precisa conversar e ser mais ágil nas tratativas com os deputados e senadores e Haddad deve deixar de ler alguns livros para se dedicar a passar mais horas do dia fazendo articulação política.
"Isso significa que o Alckmin tem que ser mais ágil, tem que conversar mais com o Congresso. O Haddad, ao invés de ler um livro, tem que perder algumas horas conversando no Senado e na Câmara. O Wellington Dias (Desenvolvimento e Assistência Social), o Rui Costa (ministro da Casa Civil). Também devem passar a maior parte do tempo conversando com bancada A, com bancada B", disse,
As declarações foram feitas durante uma cerimônia para o lançamento do programa Acredita, que concede crédito a microempreendedores individuais e micro e pequenos empresários e a pessoas inscritas no CadÚnico, base de dados dos programas sociais do governo.
Na última sexta-feira (19), Lula convocou uma reunião de emergência para tratar da articulação política do governo com os parlamentares. Ele convocou os ministros Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Casa Civil (Rui Costa) e Paulo Pimenta (Secom), além dos líderes do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), do Senado, Jaques Wagner (PT-BA) e do Congresso Nacional, Randolfe Rodrigues (Sem Partido-AP).
O governo federal vive uma nova fase de instabilidade na relação com o Congresso, sobretudo na Câmara dos Deputados. Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, expôs publicamente que Padilha é um “desafeto pessoal” e chamou o auxiliar de Lula de incompetente.
No Senado, Lula vê com preocupação o avanço da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que retoma o quinquênio, bônus e reajustes concedidos ao poder Judiciário a cada cinco anos, que pode gerar gastos nos cofres públicos de R$ 40 bilhões, caso seja aprovado. Em entrevista coletiva após a reunião da última sexta no Palácio do Planalto, o líder José Guimarães afirmou que a PEC tem potencial de “quebrar o país”, caso seja aprovada.