Bolsonaro nega contato com integrantes do governo Trump por sanções a Moraes
Em depoimento à Polícia Federal, no entanto, ex-presidente afirmou ter recebido membro do Departamento de Estado dos EUA no começo do mês passado

Hariane Bittencourt
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) negou que esteja mantendo contato com integrantes do governo dos Estados Unidos, chefiado pelo presidente Donald Trump, para obter sanções a autoridades brasileiras, incluindo o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
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A declaração foi dada em depoimento prestado à Polícia Federal (PF), nessa quinta-feira (5), no inquérito que investiga o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
Bolsonaro falou à PF por cerca de duas horas e na condição de testemunha. Conforme documento homologado pela corporação, ele disse "que não tratou com Eduardo nem com ninguém sobre sanções a autoridades brasileiras" e afirmou que "nunca fez qualquer dossiê ou entregou documentos a Eduardo sobre decisões a respeito do STF".
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Apesar de negar contato com pessoas ligadas ao presidente Donald Trump, Bolsonaro afirmou ter se encontrado com o conselheiro sênior do Departamento de Estado dos Estados Unidos, Ricardo Pita, no dia 6 de maio. O encontro aconteceu em Brasília.
Naquela ocasião, uma delegação norte-americana fazia visitas oficiais aos ministérios da Justiça e das Relações Exteriores para tratar de temas ligados à segurança pública e ao avanço do crime organizado.
Questionado sobre o assunto tratado neste encontro, o ex-presidente disse apenas que a conversa teve "teor reservado".
Ajuda a Eduardo
Jair Bolsonaro revelou ter repassado R$ 2 milhões de reais ao filho Eduardo Bolsonaro, para que ele pudesse se manter nos Estados Unidos. Ele negou que o Partido Liberal (PL) tenha feito repasses adicionais e que "não permitiria que isso acontecesse".
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O ex-presidente acrescentou que a transferência foi feita por Pix, no dia 13 de maio, com dinheiro proveniente de doações.
Bolsonaro em depoimento: "Defesa da democracia"
No mesmo depoimento, o ex-presidente defendeu que trabalha para "garantir a democracia brasileira" e disse esperar que o filho seja candidato ao Senado nas eleições de 2026. Bolsonaro afirmou, no entanto, não saber quando Eduardo voltará dos Estados Unidos.
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"O que queremos é garantir a nossa democracia, não queremos um judiciário parcial. Quero que ele [Eduardo] dispute o Senado em 2026, mas precisamos que os ventos mudem", disse. Ele alegou, também, que o deputado licenciado não busca interferir em sua situação jurídica no Brasil e que "as ações dele [Eduardo] são independentes e realizadas por conta própria".
Entenda
O inquérito em questão foi aberto pela PF em maio, por determinação do STF, e investiga uma suposta atuação internacional do deputado licenciado Eduardo Bolsonaro para obter sanções contra autoridades brasileiras, incluindo ministros do Supremo.
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Para a Procuradoria-Geral da República (PGR), Jair Bolsonaro – réu por tentativa de golpe de Estado – está sendo beneficiado pelas ações do filho.