Após reunião “cordial” entre Vieira e Rubio, governo tenta acelerar encontro Lula-Trump para evitar ruídos
Fontes avaliam que afastar temas políticos sensíveis da relação com os EUA começa a dar resultado
Murilo Fagundes
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, complementou nesta sexta-feira (17) ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) o relato sobre a reunião que teve na véspera com o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, em Washington, D.C.
De acordo com fontes do governo, o encontro foi cordial e pragmático, centrado em questões econômicas e comerciais, e não tratou de temas políticos internos. As mesmas fontes afirmam que a estratégia de afastar pautas políticas da relação entre Brasil e Estados Unidos está produzindo resultados concretos.
O relato apresentado a Lula descreveu um ambiente cooperativo, com disposição de ambas as partes para retomar o diálogo bilateral em bases técnicas e estáveis. Com base nesse clima, o governo trabalha para acelerar o primeiro encontro entre Lula e Donald Trump, ainda sem data confirmada.
A principal possibilidade é que a reunião ocorra à margem da cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean), na Malásia, entre 25 e 27 de outubro, período em que Lula já estará no país.
Caso não haja coincidência de agendas, duas outras janelas seguem em análise: entre 11 e 19 de novembro, em Brasília, no intervalo dos trabalhos da COP30, e nos dias 4 e 5 de dezembro, durante a Cúpula das Américas, na República Dominicana.
A participação de Lula na Cúpula das Américas, encontro que tradicionalmente reúne os chefes de Estado do continente, é, porém, incerta. Desta vez, a ausência de convites a Cuba, Venezuela e Nicarágua gerou incômodo entre governos da região e acendeu o alerta em Brasília. Fontes consideram que a exclusão de países historicamente presentes no fórum representa um retrocesso e ameaça a participação do Brasil.
Fato é que há interesse do Brasil em realizar o encontro o quanto antes, para aproveitar o momento favorável e evitar ruídos políticos que possam dificultar a aproximação entre os dois governos.
O relato entregue a Lula também indicou que não houve menção a temas sensíveis, como Brics, moeda alternativa ao dólar ou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o foco foi estritamente técnico e comercial tanto na reunião ampliada como na restrita.
Fontes do governo consideram que a reunião entre Rubio e Vieira marca um avanço na normalização da relação bilateral e abre espaço para medidas concretas nas próximas semanas.