Abin paralela: Kim Kataguiri processa União por danos morais e pede R$ 80 mil
Segundo a PF, deputado foi uma das autoridades monitoradas pelo esquema de espionagem ilegal
Lara Curcino
O deputado federal Kim Kataguiri (União-SP) acionou a Justiça Federal de São Paulo contra a União, após uma investigação da Polícia Federal (PF) apontar que ele foi um dos alvos de um esquema de espionagem ilegal durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), por meio da “Abin paralela”.
O parlamentar pede R$ 80 mil como reparação por danos morais e ainda solicita receber o detalhamento de todas as informações sobre ele que foram obtidas por meio do monitoramento irregular na Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
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“Gera inegável dano moral o uso da estrutura de inteligência do Estado para captar ou forjar informações com o objetivo de denegrir a imagem do Autor. [...] Cumpre lembrar que o Autor, como político, depende da sua imagem”, diz o documento protocolado pela defesa de Kataguiri, na última quinta-feira (18).
Em nota enviada ao SBT News, a Advocacia-Geral da União (AGU) afirmou que ainda não foi oficialmente citada na ação. "Tão logo o seja, irá solicitar subsídios aos órgãos competentes e se manifestará nos autos dentro do prazo processual".
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Abin paralela
A PF investiga a existência de uma suposta organização criminosa dentro da Abin, durante o governo de Bolsonaro, que estaria monitorando ilegalmente autoridades públicas, por meio dos sistemas da agência, para obter informações sigilosas e produzir notícias falsas.
A estratégia seria espionar rivais políticos de Bolsonaro e beneficiar seus aliados, segundo a Polícia Federal. Foi identificado o envolvimento, além do ex-presidente, do general Augusto Heleno (então chefe do Gabinete de Segurança Institucional), do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), do ex-governador Wilson Witzel (do Rio de Janeiro) e o então diretor da Abin e pré-candidato à Prefeitura do Rio, deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ).
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As apurações apontam que Kataguiri foi citado em conversas entre agentes públicos, que manifestaram a intenção de buscar “podres” do deputado. Além dele, teriam sido monitorados ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), outros políticos, servidores públicos federais, a Polícia Federal e jornalistas.