Veja alvos da "Abin paralela" de Bolsonaro: Lira, Renan, Barroso, Toffoli, Fux, Moraes, Doria e outros
Policial federal, militar, servidor e ex-assessores foram presos pela PF por arapongagem contra "inimigos da direta", com uso da Abin
A Polícia Federal listou os alvos das ações do esquema investigado na Operação Última Milha, que apura arapongagem e ataques em massa via internet com falsas notícias contra "inimigos da direta", que teria atuado na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
"Abin paralela": PF cumpre cinco mandados de prisão contra alvos em quatro estados e no DF
Estão na lista autoridades dos Três Poderes, como o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP), o senador Renan Calheiros (MDB), o líder do governo no Senado, Randolfe Rodrigues, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso, Dias Toffoli, Alexandre de Moraes e Luiz Fux, além do ex-governador de São Paulo João Doria, de servidores federais do Ibama e da Receita e jornalistas.
A lista de alvos está na ordem de prisões e buscas e apreensões do STF da 4ª fase da Operação Última Milha, deflagrada nesta quinta-feira (11). A ação se baseia em apurações iniciadas em 2023.
Ramagem, ex-ministros, Bolsonaro e seus filhos Carlos (vereador no Rio), Flávio (senador) e Jair Renan são os alvos centrais. Na nova etapa, cinco pessoas tiveram prisão decretada.
Presos na Operação Última Milha 4
- Marcelo Araújo Bormevet, agente da PF cedido à Abin de Ramagem. Chefiava a Coordenação-geral de Credenciamento de Segurança e Análise de Segurança Corporativa;
- Giancarlo Gomes Rodrigues, militar do Exército cedido à Abin de Ramagem. Integrava o Centro de Inteligência Nacional (CIN);
- Richards Dyer Pozzer, ex-assessor ligado ao gabinete do ódio da "Abin paralela". É influenciador digital;
- Mateus de Carvalho Spósito, servidor federal ligado ao gabinete do ódio da "Abin paralela". Foi assessor da Coordenação-Geral de Conteúdo e Gestão de Canais da Secretaria de Comunicação Institucional;
- Rogério Beraldo de Almeida, o último a ser preso, já na tarde desta quinta-feira, é influenciador digital.
A PF investiga desde 2023 o suposto esquema coordenado pelo ex-diretor da Abin de Bolsonaro, o delegado da PF e atual deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), pré-candidato à Prefeitura do Rio. Um grupo de confiança ligado ao clã Bolsonaro usava a estrutura da agência, como softwares de monitoramento de telefones, como o First Mille – referência do nome da operação – para grampear adversários.
O material servia para produzir dossiês e propagar, via internet, falsas notícias, as fake news, para atacar adversário e atrapalhar investigações sobre eles e seus aliados, registra a PF.
Veja a lista dos alvos
STF
- Alexandre de Moraes
- Dias Toffoli
- Luís Roberto Barroso
- Luiz Fux
Câmara dos Deputados
- Arthur Lira (PP-AL), presidente
- Rodrigo Maia, ex-presidente
- Kim Kataguiri (União-SP)
- Joice Hasselmann
- Jean Wyllys (PSOL)
Senado
- Alessandro Vieira (MDB-SE)
- Omar Aziz (PSD-AM)
- Renan Calheiros (MDB-AL)
- Randolfe Rodrigues (sem partido-AP)
- Sérgio Moro (União-PR)
Executivo
- João Dória, ex-governador de SP
- Hugo Ferreira Netto Loss, Ibama
- Roberto Cabral Borges, Ibama
- Christiano José Paes Leme Botelho, Receita Federal
- Cleber Homen da Silva, Receita Federal
- José Pereira de Barros Neto, Receita Federal
Jornalistas
- Mônica Bergamo
- Vera Magalhães
- Luiza Alves Bandeira
- Pedro Cesar Batista
Os alvos usaram as redes sociais nesta quinta-feira para atacar a arapongagem de Bolsonaro e o uso político da Abin. O senador Renan Calheiros disse repudiar o uso político da agência.
"Como democrata, lamento e repudio que estruturas do Estado tenham sido criminosamente capturadas para atuar como polícias políticas, com métodos da Gestapo, um pântano repugnante e sem fim. Sigo confiante nas instituições, na apuração, denúncia e julgamento dos culpados."
Alessandro Vieira também usou as redes. "A operação de hoje da PF mostra que fui vítima de espionagem criminosa e ataques on-line praticados por bandidos alojados no poder no governo passado. Isso é típico de governos ditatoriais. O Brasil segue cheio de problemas, mas ao menos do risco de volta da ditadura nos livramos."
A associação de profissionais de inteligência, a Intelis, divulgou uma nota pública em que critica o uso indevido da Abin.
Defesas
Os investigados negam crimes e atacam o uso político das investigações da PF. O senador Flávio Bolsonaro afirmou que "não existia nenhuma relação" com a Abin e que as operação e a divulgação do documento pelo STF "têm o objetivo de prejudicar a candidatura de delegado Ramagem à prefeitura do Rio de Janeiro".
"Simplesmente não existia nenhuma relação minha com Abin. Minha defesa atacava questões processuais, portanto, nenhuma utilidade que a Abin pudesse ter", disse senador Flávio Bolsonaro.