“Abin paralela”: Investigação aponta que equipe de Ramagem tentou esconder relatório de espionagem sobre caso de Renan Bolsonaro
Policiais federais cedidos à Abin investigaram ex-sócio do filho 04 do ex-presidente; agência avalia que o arquivamento de sindicância do caso foi precipitado
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Caio Crisóstomo
Uma investigação da Polícia Federal (PF) indica que a equipe do ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem, hoje deputado federal, tentou esconder o relatório interno sobre a operação de espionagem ilegal contra pessoas ligadas a Renan Bolsonaro, filho 04 do ex-presidente do PL.
A informação consta em uma sindicância interna -arquivada pela antiga gestão da corregedoria da Abin- em que mostra que os frequentes acessos da equipe de Ramagem ao relatório interno. Foram produzidas cerca de 19 versões do mesmo documento.
+ "Abin paralela": PF encontra computadores funcionais usados por Ramagem e sucessor na sede da agência Em 2024, próximo de acabar o seu mandato, a ex-corregedora da Abin Lidiane dos Santos arquivou o caso e encaminhou os materiais para Controladoria-Geral da União (CGU).
No entanto, ela só indicou a participação de Marcelo Bormevet e Giancarlos Rodrigues na operação clandestina de Renan Bolsonaro.
Recentemente, a equipe de investigação da PF pediu atualizações sobre o caso para a Abin.
Em resposta, a agência alegou discordar do arquivamento feito pela ex-corregedora por excluir dois agentes -ainda não identificados- que também teriam participado da operação ilegal.
Ao receber a resposta, PF enviou o documento para a CGU, responsável por analisar todos os casos de agentes públicos suspeitos de integrar a Abin paralela. + Policiais federais suspeitos de participação em "Abin paralela" serão investigados pela CGU
Segundo fontes da Abin ouvidas pelo SBT News, há expectativa de que o caso seja revisto pela CGU e os dois agentes sejam incluídos.
Por outro lado, os investigadores da PF avaliam que o caso já é investigado no âmbito do inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) e pela CGU.
O SBT News procurou a Abin e Ramagem para questionar sobre a suposta tentativa de esconder o relatório interno.
Espionagem Renan Bolsonaro
Um relatório da PF divulgado em 2024, indica que um policial federal que atuava na Abin espionou Allan Lucena, ex-sócio de Jair Renan, em uma empresa de eventos.
À época, o filho 04 do ex-presidente era investigado por tráfico de influência e lavagem de dinheiro pela PF. O caso foi arquivado.
Outro espionado foi o empresário Luís Felipe Belmonte, que pagou os custos de reforma na empresa de Jair Renan.