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Polícia

Sargento que matou feirante por engano no Rio estaria embriagado e se negou a fazer teste

SBT News teve acesso à investigação, que mostra que ele mudou versão duas vezes; em 2015, policial foi acusado de violência doméstica

Imagem da noticia Sargento que matou feirante por engano no Rio estaria embriagado e se negou a fazer teste
Sargento Fernando Ribeiro Baraúna e feirante Pedro Henrique Morato Dantas | Reprodução
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O 3º sargento da Polícia Militar preso por homicídio qualificado após matar o feirante Pedro Henrique Dantas, de 20 anos, no Rio de Janeiro, afirmou que disparou contra homem após supostamente ter sofrido golpes de faca pela vítima.

O SBT News teve acesso à investigação policial. Pedro foi morto no início da manhã de domingo (6), zona norte do Rio de Janeiro. O crime ocorreu próximo a uma boate onde o sargento Fernando Ribeiro Baraúna e a esposa, Natalia Regina Teles, passaram a madrugada.

De acordo com os PMs que atenderam o caso, o sargento, que estava de folga, apresentava sinais de embriaguez em "razão do hálito e fala desconexa". Aos militares, Fernando afirmou que "a vítima teria lhe desferido facadas e, em contrapartida, teria efetuado disparos de arma de fogo". Mais tarde, já no Instituto Médico Legal (IML), onde se recusou a fazer o teste toxicológico, ele disse que foi abordado pelas costas e reagiu atirando.

Em depoimento, testemunhas afirmaram que a esposa do sargento acusou o feirante de roubo e de ter causado uma confusão na boate. Para a polícia, Natalia Regina deu outra versão, de que o sargento teria disparado após ter sido agredido. Segundo a investigação, Natalia não foi roubada e Pedro Henrique Dantas estava se preparando para a feira de rua, onde a família trabalha há anos aos domingos.

Testemunhas ouvidas pela polícia afirmaram que o casal estava em um carro e o sargento passou lentamente em frente à barraca de feira, abordou Pedro e disse para ele "não correr". Assustado, o jovem tentou fugir e foi baleado.

O SBT News teve acesso às imagens da vítima registradas pela perícia, e não vai exibi-las. O feirante foi atingido nas costas e na perna. Ao menos dois disparos acertaram um veículo.

Sargente acertou disparos em veículo Kombi | Reprodução/Polícia Civil
Sargente acertou disparos em veículo Kombi | Reprodução/Polícia Civil

Segundo a investigação, o sargento fugiu do local "sem prestar socorro à vítima, acionar o Corpo de Bombeiros ou pedir ajuda, não demonstrando qualquer remorso pela prática do crime". Além disso, ele é acusado de ter dado um soco em uma mulher que testemunhou o crime. Em seguida, ele foi interceptado pela PM, preso em flagrante e conduzido ao 22º Distrito Policial.

De acordo com o depoimento de uma testemunha, a esposa do sargento afirmou que o feirante era um "cracudo" e "apenas mais um". Para a polícia, ela negou as declarações e confirmou que bebeu com o companheiro na boate.

De acordo com a Polícia Civil, Fernando Baraúna tem antecedente criminal por violência doméstica, em 2015. O caso foi registrado como ameaça, injúria, na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher, mas foi arquivado em 2018.

Sargento se recusou a fazer teste toxicológico

Sargento Fernando Ribeiro Baraúna | Reprodução/Polícia Civil
Sargento Fernando Ribeiro Baraúna | Reprodução/Polícia Civil

Cerca de cinco horas após o crime, o sargento Fernando Baraúna foi submetido a exames no Instituto Médico Legal (IML). No local, ele deu uma nova versão aos peritos, afirmando que foi "abordado por um desconhecido pelas costas e reagiu com uma arma de fogo".

Fernando se recusou a fazer exames de urina. O Instituto concluiu que não havia sinais de embriaguez e que o sargento foi ferido na região da nuca. De volta à delegacia, a Polícia Civil tentou ouvir a versão oficial do sargento, mas ele optou pelo silêncio na presença de uma advogada.

"Considerando que, mesmo que o feirante confundido fosse o real autor da agressão sofrida pelo policial militar, isso não permitiria que o mesmo efetuasse disparos de arma de fogo pelas costas em um indivíduo desarmado que se evadia. Desta forma, sua conduta dolosa não é abarcada legalmente pelo Direito", declarou a Polícia Civil.

O SBT News pediu o posicionamento da defesa do sargento, mas não houve resposta. O espaço segue aberto para manifestação.

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