Presos por invasão a casa em São Paulo são suspeitos de hackear sistema da PM
Quadrilhas conseguem acessar informações sigilosas da polícia, como informações da central de operações e de rede de câmeras de vigilância
Três homens foram presos depois de invadirem uma casa no bairro Itaim Bibi, zona sul de São Paulo. Uma câmera de segurança registrou o momento em que os criminosos pularam o muro da residência. A família foi feita refém por cerca de seis horas.
Durante o assalto, um dos bandidos falava por telefone com um comparsa que monitorava a comunicação da Polícia Militar, técnica conhecida no meio criminoso como "radinho". Segundo uma das vítimas, o chefe do bando afirmou ter acesso ao Centro de Operações da Polícia Militar (Copom).
Após fugirem, os ladrões foram localizados e presos pela Polícia Civil. A investigação revelou que casos como esse, nos quais quadrilhas conseguem acessar informações sigilosas da polícia, estão se tornando cada vez mais comuns. Os criminosos teriam obtido acesso ao Copom e ao sistema Detecta, que usa câmeras espalhadas pela cidade.
Há indícios de que hackers estão clonando senhas de policiais e vendendo esses acessos para quadrilhas. Em um caso anterior, em abril, uma quadrilha invadiu um apartamento no mesmo prédio onde mora o ministro André Mendonça, do STF. Na ocasião, foi usado o login de um policial de Ourinhos, cidade no interior paulista, para monitorar o alvo. A senha tinha sido alterada após hackers invadirem o sistema Gov.br, usado pelo policial.
O policial envolvido nesse caso foi preso por seis meses, mas acabou absolvido na semana passada, após ser comprovado que sua senha foi alterada sem seu consentimento e usada a 300 quilômetros de onde ele estava, na cidade de Iracemápolis.
A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, responsável pela administração do sistema Detecta, declarou que não irá comentar as decisões judiciais relacionadas ao caso. Procurada pela reportagem, a Secretaria de Governo Digital, vinculada ao Ministério da Gestão e da Inovação, que é responsável pela gestão do portal Gov.br, ainda não se manifestou sobre a situação.