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Polícia

PM do Rio afasta três agentes que atiraram por engano em motorista de aplicativo

Carro foi alvo de 18 tiros e policiais forjaram versão para incriminar motorista; afastamento ocorreu dez meses após o caso

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A Polícia Militar do Rio de Janeiro afastou das ruas três agentes envolvidos no caso em que um motorista de aplicativo foi baleado por engano e ainda acusado injustamente. A decisão aconteceu dez meses após o episódio.

Bruno Bastos Patrocínio só queria abastecer o carro quando, de repente, o veículo em que estava foi atingido por 18 disparos feitos por policiais militares. “Eles pediram desculpas para minha esposa na frente da delegacia, quando ela estava fazendo um vídeo. Disseram que ‘ah, eu confundi seu esposo com vagabundo’”, contou Bruno.

Na época, os policiais realizavam uma blitz perto da Linha Amarela, na Zona Norte do Rio. As câmeras corporais mostraram que, ao ver um carro escuro não parar, os agentes iniciaram uma perseguição em duas viaturas. Durante o trajeto, chegaram a demonstrar dúvida se estavam atrás do veículo certo.

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Apesar da incerteza, seguiram com a abordagem. Assim que encontraram o carro de Bruno, mandaram que ele descesse. Em seguida, dispararam contra ele.

Com os braços levantados, o motorista foi rendido e, ao perceberem que estava desarmado e ferido, os policiais o levaram para o hospital. Do lado de fora, começaram a combinar uma versão para justificar os disparos.

As imagens também mostraram dois agentes retirando cápsulas de dentro da viatura, numa tentativa de esconder provas. Dez meses depois, Bruno ainda enfrenta dificuldades. Ele sofre com estresse pós-traumático e não consegue trabalhar como antes.

“Foram dois tiros no peito, um na axila e um na barriga. Esse, na barriga, se eu ficar muito tempo sentado, começa a doer”, relatou.

Além das câmeras corporais, circuitos de segurança instalados na rua também registraram a ação. As imagens evidenciaram que o carro de Bruno era de modelo e cor diferentes do veículo suspeito.

O inquérito policial militar, que apontou a tentativa de forjar provas contra o motorista, foi concluído em julho e enviado ao Ministério Público. Apenas nesta sexta-feira, a Polícia Militar decidiu afastar os três agentes das ruas.

Na esfera judicial, a Justiça determinou que o Estado indenize Bruno em R$ 40 mil. O pedido de reembolso de despesas médicas e de perdas financeiras foi negado, e ele vai recorrer.

“É muita revolta. Eles erraram e ainda tentaram simular outra coisa. Isso revolta. Deveriam pedir desculpas, mas fizeram isso”, afirmou Bruno.
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