Polícia Civil investiga esquema milionário de sonegação e lavagem de dinheiro em São Paulo
Esquema envolve rede de combustíveis ligada ao PCC e uma refinaria com dívidas bilionárias
Fabio Diamante
Robinson Cerantula
A Polícia Civil de São Paulo está investigando um esquema milionário de sonegação de impostos e lavagem de dinheiro supostamente associado ao crime organizado. De acordo com os investigadores, uma das empresas do maior sonegador de impostos do estado realizava negócios com uma rede de postos de combustíveis suspeita de ligação com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).
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O ponto de partida da investigação foi uma operação contra esta rede de postos de combustíveis, acusada de lavar dinheiro proveniente do tráfico de drogas. Em agosto, durante uma operação de busca e apreensão autorizada pela Justiça, notas fiscais que evidenciavam transações entre os postos e a empresa "Fera Lubrificantes" foram apreendidas. Esta última, com sede em Guarulhos, é apontada como parte de um conglomerado liderado pelo empresário Ricardo Magro.
Segundo a polícia, os documentos apreendidos indicam que o dinheiro movimentado ilegalmente era redistribuído entre empresas do grupo para simular transações lícitas. "Esse dinheiro, em parte, retorna à Fera Lubrificantes para criar um lastro que demonstra, falsamente, a conformidade com a lei", explicou o delegado Augusto Cesar Pedroso Bicego.
Nesta sexta-feira, a polícia cumpriu cinco mandados de busca e apreensão em endereços vinculados a Ricardo Magro. Foram recolhidos documentos, dados digitais e computadores. Magro é dono da refinaria Refit, que lidera a lista de maiores devedores do estado, acumulando uma dívida superior a 8 bilhões de reais. Já a Fera Lubrificantes possui um débito tributário de 117 milhões de reais.
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A investigação começou em novembro do ano passado, após a apreensão de cocaína em um caminhão que transportava roupas para o Nordeste. A partir desse caso, os investigadores chegaram aos donos da rede de postos de combustíveis e, posteriormente, a Antônio Vinícius Gritzbach, um corretor de imóveis de luxo com ligações ao esquema. Gritzbach foi assassinado no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, há pouco mais de um mês.
O delegado Augusto Bicego reforça que o crime organizado tem se especializado em lavagem de capitais, usando setores como o de combustíveis para transformar dinheiro ilícito em recursos aparentemente legais.
A defesa do empresário Ricardo Magro informou que não houve sonegação e que todos os fatos serão explicados na Justiça. Nós não conseguimos contato com a defesa da rede de postos Singular.