Polícia Civil abre inquérito para apurar cartas do PCC orientando votos em São Paulo e Santos
Documentos interceptados pela Polícia Militar foram escritos em setembro, mas investigação teve início neste domingo de eleições
A Polícia Civil de São Paulo abriu um inquérito, neste domingo (27), data de realização do segundo turno das eleições municipais, para apurar as cartas assinadas por membros do PCC, interceptadas em setembro deste ano, orientando o voto de integrantes da facção e seus familiares em candidatos da capital paulista e de Santos, no litoral.
Nos bilhetes referentes a São Paulo, obtidos pela Polícia Militar, os criminosos afirmam que o PCC "não fecha com nenhum partido político", mas pedem para que integrantes, amigos e familiares votem na chapa de Guilherme Boulos (Psol) e Marta Suplicy (PT).
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Na carta com orientação para os eleitores de Santos, os líderes da facção pedem que seus aliados não votem na candidata Rosana Valle (PL), classificada como "inimiga n° 1" do PCC, e afirmam que ela está proibida de entrar nas comunidades da cidade.
O primeiro passo da investigação da Polícia Civil foi encaminhar as cartas para a perícia. Os investigadores tentam descobrir quem são os autores, como os comunicados foram enviados e quem os recebeu.
Os suspeitos podem ser investigados por crime de ameaça e associação para a prática criminosa.
Leia as cartas:
Ação na Justiça Eleitoral
O candidato derrotado à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos, afirmou que entrou com uma ação na Justiça Eleitoral, neste domingo (27), contra o governador paulista, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o candidato à reeleição Ricardo Nunes (MDB) por abuso de poder político e divulgação de informação falsa.
"No dia da eleição, na boca do governador do estado, vem mais um ataque e uma mentira inacreditável. Ao lado do meu adversário. Então isso mostra de um lado o desespero dos nossos adversários e um ataque sem limite", disse Boulos.
O Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) informou que não chegou ao seu conhecimento "nenhum relatório de inteligência nem nenhuma informação oficial" sobre suposta orientação da facção Primeiro Comando da Capital (PCC).
Já o secretário nacional de Segurança Pública, Mário Luiz Sarrubbo, disse que o Sistema de Inteligência da pasta "não detectou qualquer orientação de qualquer fação contrária ou a favor de qualquer candidato neste segundo turno".
**Com colaboração de Guilherme Resck