Polícia

Novas imagens mostram criminosos de tocaia antes da execução de Ruy Ferraz Fontes

Câmera de segurança flagrou o início da perseguição contra ex-delegado, morto a tiros em Praia Grande (SP)

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Uma câmera de segurança flagrou o início da perseguição que terminou na execução de Ruy Ferraz Fontes, ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, nesta segunda-feira (15), na Praia Grande, litoral sul paulista. Os criminosos ficaram de tocaia por cerca de 15 minutos e dispararam em direção ao veículo logo após ele deixar a prefeitura da cidade, onde atuava como secretário de Administração desde 2023.

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Ao final da perseguição, Fontes colidiu contra dois ônibus na Avenida Dr. Roberto de Almeida Vinhas, no bairro Nova Mirim, capotou e foi assassinado com diversos tiros de fuzil.

O vídeo mostra os criminosos de tocaia, em um Toyota Hilux SW4, na saída da Prefeitura de Praia Grande. Eles chegam às 18h02. 14 minutos depois, o ex-delegado passa pelo carro dos suspeitos, que disparam e começam a perseguição. Fontes tenta fugir pelas ruas paralelas, mas assim que chega na avenida, colide contra os ônibus e o carro capota.

Três criminosos descem encapuzados, com coletes à prova de balas e armados com fuzis. Dois deles se aproximam do carro do ex-delegado e disparam, enquanto o outro fica na "cobertura" para impedir a aproximação de testemunhas.

Execução foi registrada por câmeras de segurança | Reprodução
Execução foi registrada por câmeras de segurança | Reprodução

Após os disparos, o motorista do carro usado na emboscada faz o retorno, com as portas do automóvel abertas, e logo depois o trio entra no veículo e foge.

De acordo com o atual delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Artur Dian, mais de 20 tiros de fuzil foram disparados contra o veículo. A maioria dos disparos foi concentrada nos membros e no abdômen de Fontes, que morreu na hora.

Fontes andava armado, mas provavelmente não reagiu ao ataque, já que a pistola 9 mm que ele carregava estava dentro da bolsa e com o cartucho íntegro.

Equipes da Guarda Civil Municipal (GCM) encontraram vestígios de disparo de arma de fogo em todo o trajeto dos carros, incluindo nas proximidades da Secretaria Municipal de Educação de Praia Grande, segundo o boletim de ocorrência.

O que motivou o crime

Reconhecido por ser a primeira autoridade a combater a facção Primeiro Comando da Capital (PCC) e por prender Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, chefe máximo do grupo, Ruy Ferraz Fontes era constantemente citado como inimigo pela liderança do PCC, o que reforça a suspeita de que o atentado tenha sido uma retaliação planejada.

Além da possibilidade de vingança, as autoridades também trabalham com a hipótese de que a atuação dele à frente da Secretaria de Administração da Prefeitura da Praia Grande tenha contrariado criminosos.

Nas últimas semanas, ele chegou a demonstrar incômodo pela falta de proteção, dizendo que estava investigando um possível esquema de fraude em licitações na Baixada Santista.

Quem foi Ruy Ferraz Fontes

Ruy Ferraz Fontes, ex-delegado-geral da Polícia Civil de SP | SBT
Ruy Ferraz Fontes, ex-delegado-geral da Polícia Civil de SP | SBT

Delegado de carreira da Polícia Civil por mais de 40 anos, Ruy Ferraz Fontes foi o primeiro a enfrentar diretamente o Primeiro Comando da Capital (PCC). No início dos anos 2000, quando era titular da 5ª Delegacia de Roubo a Bancos do Deic, atuou contra os crimes que sustentavam financeiramente a facção, estabeleceu a estrutura de poder do PCC e prendeu suas principais lideranças por formação de quadrilha.

Foi Fontes que apontou Marcos Willians Herbas Camacho, mais conhecido como Marcola, como chefe máximo do grupo. Ele indiciou e prendeu ainda esposas de líderes do PCC.

Em 2006, foi responsável por conduzir investigações sobre os ataques da facção que aterrorizaram o estado. No mesmo ano, indiciou toda a cúpula do PCC, incluindo Marcola, pelos crimes e foi um dos responsáveis pela ideia de transferir todas as lideranças da organização para um único presídio, a Penitenciária II de Presidente Venceslau, no interior de São Paulo.

Posteriormente, comandou o Denarc (Departamento Estadual de Investigações sobre Entorpecentes) e, entre 2019 e 2022, foi delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo. No período como chefe da polícia no estado, liderou a transferência de chefes da facção para presídios federais, visando reduzir o poder da facção dentro das prisões.

Desde 2023, atuava como secretário de Administração da Prefeitura da Praia Grande, no litoral sul de São Paulo.

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