Morador do DF é algemado ao confundir policiais com sequestradores
Família denuncia abuso de autoridade e diz que agentes não se identificaram; Polícia Civil afirma que houve resistência e lesão em um dos policiais


Lucas Antunes
Isabela Guimarães
Uma operação da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) para investigar a venda de uma bicicleta suspeita de ter sido furtada terminou em confusão e denúncia de abuso de autoridade, na última sexta-feira (7), em Taguatinga (DF).
Um homem de 29 anos foi algemado e levado à delegacia após reagir a uma abordagem de agentes descaracterizados que, segundo a família, não se identificaram de imediato.
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Abordagem disfarçada
De acordo com informações obtidas pelo SBT News, os policiais da 33ª Delegacia de Polícia se passaram por compradores interessados na bicicleta anunciada em uma plataforma de vendas online. O contato foi feito por meio de um perfil falso de uma mulher, que perguntou se o produto tinha nota fiscal e marcou um encontro na casa do vendedor, em Taguatinga, para finalizar a compra.
A bicicleta, segundo familiares, estava sendo negociada pelo irmão mais novo do morador, que é menor de idade. No momento da visita combinada, quem desceu do carro foi um homem desconhecid o que fez o morador estranhar a situação. Acreditando que se tratava de um golpe praticado por meio da própria plataforma, o jovem começou a gritar para que o irmão entrasse e fechasse o portão da casa.
Nesse momento, outros agentes descaracterizados saíram do veículo, e o morador, assustado, passou a gritar pedindo socorro, repetindo várias vezes “vocês são sequestradores”.
Segundo o boletim de ocorrência, ele teria empurrado um dos policiais e tentado fechar o portão. A corporação alega que houve resistência à abordagem, ofensas verbais e até lesão em um dos agentes, que machucou o dedo durante o confronto.
Para conter o morador, os policiais usaram algemas e o levaram para a delegacia. Ele ficou com marcas no corpo e afirmou que os agentes só se identificaram como policiais depois da imobilização. Uma vizinha confirmou ter ouvido os gritos e relatou que a identificação aconteceu apenas após o jovem estar no chão, contido.
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Denúncia da família
O pai do rapaz, policial militar da reserva, chegou ao local durante a confusão e conseguiu acalmar a situação. Ele afirmou que a família tentou registrar uma denúncia por abuso de autoridade, mas não conseguiu. O irmão mais novo, que anunciou a bicicleta, apresentou a nota fiscal do produto, o que reforçou a versão de que o bem não era fruto de furto.
A família também disse possuir imagens e vídeos da ação, mas, segundo a PCDF, recusou-se a entregar as gravações das câmeras de segurança, mesmo após um ofício oficial da 21ª DP solicitando o material.
Investigação
O caso foi registrado como resistência e desacato, e a ocorrência encaminhada à Corregedoria-Geral da Polícia Civil, que vai apurar a conduta dos agentes e o uso da força durante a abordagem. A corporação defende que os policiais agiram dentro dos protocolos e que o uso de algemas foi necessário devido à resistência apresentada.








