Lula visita favela do Moinho e anuncia programa de moradias para famílias
Famílias receberão carta de crédito para compra de novo imóvel; área será transformada em parque pelo governo de São Paulo

Flavia Travassos
Eliete Albuquerque
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve nesta quinta-feira (26) na favela do Moinho, no centro de São Paulo, onde oficializou um programa que vai entregar novas moradias para as famílias que serão removidas da comunidade. A área, pertencente à União, será cedida ao governo estadual, que planeja construir um parque no local.
A cerimônia contou com a presença de moradores, mas não teve a participação do governador paulista Tarcísio de Freitas, que foi convidado, mas optou por cumprir agenda em São Bernardo do Campo, também voltada à entrega de moradias populares.
Na favela, 900 famílias vivem em condições precárias. Janaina, moradora do local, divide uma pequena casa de alvenaria com o marido e dois filhos, um deles com apenas um ano.
“É complicado, bem apertadinho, bem pequeno... apenas só para dormir, trabalhar, chegar e dormir”, contou.
Cada família receberá uma carta de crédito de R$ 250 mil para aquisição de um novo imóvel. Do total, R$ 180 mil serão pagos pelo governo federal e R$ 70 mil pelo governo estadual.
Durante o discurso, sem mencionar diretamente o governador, Lula afirmou que só irá formalizar a cessão do terreno ao Estado após a conclusão do processo.
“A minha preocupação é que, se a gente fizer a cessão para o governo do Estado e eles tiverem que ocupar isso aqui amanhã, vão utilizar a polícia e enxotar vocês sem que consigam o que querem”, declarou, lembrando os confrontos entre moradores e forças de segurança registrados em abril e maio deste ano.
Lula destacou ainda que “por mais que seja bonito um parque, ele não pode ser feito às custas do sofrimento de um ser humano. É importante que as pessoas que queiram visitar este parque não venham pisotear sangue de pobres que aqui foram agredidos”.
Enquanto isso, em São Bernardo do Campo, Tarcísio de Freitas entregou 120 unidades habitacionais do programa Casa Paulista. Ele defendeu as ações do Estado na favela do Moinho e comentou a atuação federal.
“A gente fez o que ninguém teve coragem de fazer: entrar no Moinho e resolver a equação lá, que não é só habitacional, envolve também assistência”, disse.
O governador ainda comentou sobre a visita de Lula a São Paulo.
“O governo federal veio, se juntou a nós. É ótimo, é muito bem-vindo. Agora, tem outras políticas públicas ali colocadas, principalmente a de emprego. E o nosso objetivo, sinceramente, não é fazer evento. O presidente vai fazer o evento dele lá, está tudo certo, e nós vamos continuar trabalhando”.








