Jogo do Tigrinho: plataforma causa prejuízos e engana milhares no Brasil
Para a polícia, o jogo é um esquema criminoso, e que influenciadores digitais - ao divulgar um aplicativo fraudulento - também estão praticando crime
O Jogo do Tigrinho, plataforma que funciona de maneira ilegal no Brasil e que se vende como "jogo de azar", está na mira da polícia. Para os investigadores, não há dúvidas de que a plataforma é um esquema criminoso, e que influenciadores digitais - ao divulgar um aplicativo fraudulento - também estão praticando crime.
Thayná Santana e o marido são uma das vítimas dos jogos. Somando o que usaram da poupança e os empréstimos que fizeram para bancar o vício, os dois tiveram um prejuízo de quase R$ 50 mil.
"Quando a gente apostava 100, 200, a gente ganhava mil. Tinha vezes que ganhava dois mil”, diz a influenciadora. "No começo, a gente até que ganhou um dinheiro considerável, mas a gente sempre queria ganhar mais, e foi nessa que a gente perdeu”, completou.
Thainá conta que aderiu ao jogo convencida por outros influenciadores digitais. Nesta semana, cinco, em Alagoas, foram alvo de uma operação da polícia civil.
"Em 9 meses nós conseguimos apontar ao judiciário um patrimônio de R$ 38 milhões. O que eles conseguiram de patrimônio num intervalo desse não era compatível com a renda formal que eles tinham declarado”, afirma o delegado Lucimério Campos.
A polícia diz que os influenciadores simulam ganhos para enganar milhões de seguidores. De acordo com os investigadores, o esquema funciona por meio de contas falsas, chamadas de demo no Jogo do Tigrinho.
"A conta demo é uma conta demonstração que a plataforma, ao contratar o influenciador, vai dizer para ele: 'você vai fazer aqui um jogo, mas esse jogo não é o jogo real, você não vai precisar colocar dinheiro, o dinheiro é fictício, você vai ficar simulando jogadas e jogadas, e vai conseguir um saldo aqui. Simule tudo isso e poste lá’", complementa o policial.
Os influenciadores tiveram os bens bloqueados. O advogado Matheus Herren Falive explica que os envolvidos podem pegar até oito anos de cadeia. "Se os influenciadores sabiam que ali havia uma fraude e uma enganação em relação ao consumidor, cometem o crime de estelionato, no caso específico, estelionato por meio de fraude eletrônica”, revela.
Em aplicativos de mensagens, são muitos os grupos que promovem o jogo, prometendo lucro em tempo recorde. O jornalismo do SBT acessou alguns deles. Enquanto jogam, os golpistas ostentam cédulas e chegam a vender o serviço de assessoria para o jogo.
"O jogo do tigrinho não é igual à aposta esportiva, em que não existe um elemento aleatório, um time pode ganhar ou perder. Agora, quando você tem um jogo que tem um algoritmo que faz a pessoa primeiro ganhar para depois perder e tomar o dinheiro, isso não é uma aposta, não é um jogo de azar, isso é de fato um estelionato”, complementa o advogado.