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Polícia

Gravação desmente versão de policiais que mataram homem em situação de rua em SP

Para o Ministério Público, frases ditas pelo policial que executou a vítima refletem comportamento "sádico e com absoluto desprezo pelo ser humano"

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O SBT teve acesso a imagens da Câmara Corporal de um policial envolvido no assassinato de um homem em situação de rua no centro de São Paulo. O vídeo desmente a versão apresentada em depoimento e mostra que a vítima estava desarmada.

O crime aconteceu no dia 13 de junho, embaixo do viaduto 25 de março, no Brás, região de comércio popular da capital paulista. A abordagem começou pouco depois das 20h. Duas viaturas e seis policiais militares que faziam patrulhamento na região aparecem nas imagens parados no local. Em seguida, um homem, identificado como Jefferson de Souza, de 24 anos, desce de uma árvore.

Os PMs encaram a atitude como suspeita e passam a revistá-lo. Jefferson, então, é levado para trás de uma pilastra e senta-se no chão. Ali perto, o trânsito de veículos flui normalmente.

A câmera corporal do soldado Danilo Guerin mostra que ele tira uma foto do homem com um celular e envia para alguns contatos através de um aplicativo de mensagens. Neste outro trecho, a vítima aparece chorando, com as mãos para trás. Um dos policiais aponta um fuzil para ele. O homem, então, é obrigado a se virar. Neste momento, a câmera corporal é coberta pela mão do PM Danilo, que também vira. Na sequência, o corpo de Jefferson aparece no chão.

A execução durou apenas 35 segundos. Em depoimento, os agentes envolvidos no crime afirmaram que a vítima tentou pegar a arma de fogo de um dos policiais e reagiu à abordagem, o que teria motivado os disparos. Mas não é isso que as imagens mostram.

O relatório com a descrição do vídeo da câmera corporal já tinha sido divulgado com exclusividade pelo site SBT News. A vítima morreu com três tiros de fuzil disparados, segundo a denúncia pelo tenente Alain Wallace, do Santos Moreira. Ele e o soldado Danilo, que tampou a câmera no momento do crime, foram indiciados e presos.

Em um outro trecho, o áudio da câmera corporal volta a funcionar e é possível ouvir o relato de Alain Wallace para outros colegas que patrulhavam pela região e ouviram os disparos. No documento apresentado pelo Ministério Público, o comportamento deles é descrito como sádico e com absoluto desprezo pelo ser humano.

Outro lado

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo afirmou que repudia veementemente a conduta dos policiais envolvidos e que jamais compactuará com qualquer tipo de excesso ou desvio.

Os dois agentes seguem detidos no presídio Romão Gomes enquanto o inquérito está em andamento. Nós procuramos as defesas dos dois policiais envolvidos nessa execução.

O advogado de Alain Wallace, acusado de efetuar os disparos que mataram um homem em situação de rua, afirmou que o PM agiu em legítima defesa e que isso será aprovado na Justiça.

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