Exclusivo: SBT tem acesso a relatório final do inquérito sobre morte de Ruy Ferraz Fontes; 12 são indiciados
Investigação foi finalizada quase 2 meses após execução do ex-delegado-geral de SP, na Baixada Santista; documento detalha papel de dois grupos de criminosos
Fabio Diamante
Robinson Cerantula
A Polícia Civil de São Paulo indiciou 12 pessoas no inquérito sobre a morte do ex-delegado-geral Ruy Ferraz Fontes. Sete vão responder por homicídio e organização criminosa e cinco por organização criminosa.
O relatório final identificou dois grupos de criminosos. O primeiro, considerado o mais importante, é formado por atiradores e bandidos que participaram diretamente da execução, em Praia Grande, no dia 15 de setembro. O Departamento de Homicídios e o Ministério Público vão pedir a prisão preventiva — por tempo indeterminado — de todos os acusados.
Atiradores
Entre os atiradores está Paulo Henrique Caetano Sales, conhecido como PH. Ele desceu de uma Hilux preta para fazer a chamada “contenção”, impedindo a aproximação de outras pessoas durante os disparos. O motorista do veículo era Luis Antônio Rodrigues de Miranda, o Gão, que está foragido e foi indiciado.
Outro criminoso, Umberto Alberto Gomes, foi o que mais atirou no ex-delegado — ao todo, 20 disparos de fuzil. Ele fugiu para o Paraná e foi morto em um confronto com policiais civis, no dia 30 de setembro. Um quarto participante, que estava no banco de trás e também atirou, ainda não foi formalmente identificado, mas a polícia já tem o nome de um suspeito.
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Operação e fuga
Marcos Augusto Rodrigues Cardoso, o Fiel, foi apontado como o responsável por seguir Ruy Ferraz Fontes em um Logan branco, quando ele saía da Prefeitura de Praia Grande, onde trabalhava. Fiel teria dado o sinal para os atiradores iniciarem a emboscada.
Outros dois indiciados estão ligados a um Renegade prata, que seria usado na fuga dos criminosos. Felipe Avelino da Silva, o Mascherano, cometeu o erro de deixar a chave dentro do veículo, o que fez as portas travarem e obrigou o grupo a abandonar o carro. O outro envolvido é Flávio Henrique Ferreira de Souza, que também está foragido. Impressões digitais dele foram encontradas no veículo.
As investigações apontaram ainda que os assassinos usaram quatro casas no litoral por, pelo menos, três meses — duas em Praia Grande, uma em Mongaguá e outra em Itanhaém. Os donos de duas dessas residências também foram indiciados por homicídio e organização criminosa.
William Silva Marques é proprietário de uma casa em Praia Grande, a mais próxima do local da emboscada. Já Cristiano Alves da Silva, conhecido como Cris Brown, é dono do imóvel em Mongaguá, usado por mais tempo. Segundo a polícia e o Ministério Público, ambos sabiam para quem alugaram as casas e o motivo.
Motivação
A polícia e o Ministério Público decidiram instaurar um segundo inquérito para identificar os mandantes e outros criminosos. A suspeita de corrupção em contratos da Prefeitura de Praia Grande está sendo investigada em um terceiro inquérito, já que não foi encontrado nenhum elo direto com a morte de Ruy Ferraz Fontes.
Segundo a polícia, a emboscada, segundo a investigação, foi organizada por integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC).
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Segundo grupo de indiciados
O segundo grupo de indiciados vai responder apenas por organização criminosa. São pessoas que deram suporte à ação, como na fuga dos assassinos e no transporte de armas.
Entre eles, está Dahesly Oliveira Pires, namorada de um dos atiradores, presa por buscar um dos fuzis usados no crime em uma casa de Praia Grande, no dia seguinte ao assassinato. José Nildo da Silva foi gravado chegando armado à casa em Itanhaém para dar cobertura a Umberto Alberto Gomes, que estava escondido no local.
Rafael Marcel Dias Simões, o Jaguar, também integrante do PCC, estava no litoral paulista durante o crime. Luiz Henrique Santos Batista, o Fofão, ajudou na fuga de Jaguar da Baixada Santista para a Grande São Paulo. Danilo Pereira Pena, conhecido como Matemático, teria sido o responsável por dar a ordem para que Fofão realizasse o transporte.
A intenção de policiais e promotores é que sejam instaurados dois processos distintos: um para os réus acusados de organização criminosa e outro para os envolvidos que vão responder, no Tribunal do Júri, por homicídio e organização criminosa.









