Estado de SP registra 591 ataques a ônibus em menos de dois meses
Desde 12 de junho, média é de 11 ocorrências por dia; polícia ainda não confirma se ações são coordenadas

SBT Brasil
O estado de São Paulo registrou 591 ataques a ônibus desde o início da onda de vandalismo, em 12 de junho. A média é de 11 ocorrências por dia, o que tem gerado medo e insegurança entre os passageiros.
"É assustador, né? Ninguém tá acostumado, ninguém quer que isso aconteça com a gente. É perigoso. A gente quer sair de casa bem e chegar bem", disse Ananda Dias, monitora de cães.
"Medo de andar de ônibus e não chegar em casa, ou chegar machucado. A gente fica com medo de sair de casa", completou Priscila Martins, técnica de enfermagem.
A série de ataques começou na capital paulista e se espalhou por cidades da região metropolitana e do litoral. Ao todo, cerca de 900 veículos foram retirados de circulação, muitos com vidros quebrados — um prejuízo para o patrimônio público.
"Isso prejudica todo mundo, a classe trabalhadora sofre. E quem vai pagar é o estado, mas esse dinheiro vem de onde? Do bolso do trabalhador", desabafou Getúlia Cabral, aposentado.
Escolta de coletivos
Para conter as ações criminosas, a Prefeitura de São Paulo mobilizou 200 agentes da Guarda Civil Metropolitana, que passaram a atuar dentro dos ônibus e na escolta dos coletivos.
"São dois guardas, sempre uma dupla embarcada, e uma viatura na retaguarda auxiliando", explicou Paulo Breves, chefe de comunicação do Comando Geral da GCM.
Até o momento, 24 pessoas foram presas, suspeitas de envolvimento nos crimes. A prisão mais recente ocorreu neste sábado (2), na região do Campo Limpo, zona sul.
"Uma das equipes flagrou quando ele jogou a pedra. Por sorte, não atingiu o vidro, só a lataria. Ele disse que não tinha ligação com os ataques, mas ficou irritado porque o motorista não deixou ele entrar fumando", relatou um inspetor da GCM.
A Polícia Civil ainda não confirma se os ataques fazem parte de uma ação coordenada. Inicialmente, as ações ocorriam apenas à noite, mas agora acontecem em qualquer horário do dia.
+ Ônibus de torcida organizada do Bahia capota em Pernambuco
Origem
Segundo Roberto Alves, especialista em segurança pública, os ataques têm origens diversas. "Não há conexão entre eles, nem motivação clara. Já tivemos funcionário público, youtubers, influenciadores e até conflitos sindicais envolvidos. Muitas pessoas estão se aproveitando do contexto para realizar ataques aleatórios", explicou.
Em um dos casos mais recentes, um ônibus foi atingido por uma pedrada em Itapecerica da Serra. O autor era uma criança de 10 anos, que, segundo a polícia, brincava com um objeto de arremesso e não tinha a intenção de atingir o coletivo.