Brasil

Violência contra a mulher cresce e feminicídio bate recorde em SP

Relatos de vítimas e dados oficiais mostram avanço da violência e descumprimento de medidas protetivas

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Dados da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo apontam que os casos de feminicídio dispararam em 2025. De janeiro a setembro, 53% das mulheres foram assassinadas pelo simples fato de serem mulheres . É o maior registro desde o início da série histórica, que começou em 2015.

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De janeiro a setembro, a Justiça recebeu 818.254 processos de violência contra a mulher, segundo o Conselho Nacional de Justiça. O número é 8,6% maior em comparação ao mesmo período do ano passado (2024: 753.578).

Por trás dos números estão mulheres como a Pâmela. Ela tem sete cicatrizes pelo corpo, número de facadas que levou do ex-companheiro. A ajudante de serviços ficou uma semana em coma na UTI. "Eu já vi ele com a facona na mão. Eu falei: ‘eu vou pro ponto porque, se eu voltar, ele vai querer matar eu e meus filhos’."

Câmeras de segurança gravaram o momento da agressão. "Ele falava assim que, se eu não ficasse com ele, eu não ia ficar com ninguém. Ele já tinha me avisado que eu ia morrer na mão dele." O agressor descumpriu a medida protetiva e está preso.

Vítimas da violência por anos

Muitas dessas mulheres convivem com o agressor sob o mesmo teto durante anos. Não se separam por medo ou dependência financeira e emocional. Em todos os casos, existe um fator em comum: a crueldade. Mesmo tendo a pena mais alta do Código Penal, os feminicídios bateram recorde na maior cidade do país.

"Nós precisamos perguntar onde estão as políticas de enfrentamento à violência contra a mulher que são destinadas a desconstituir esses comportamentos”, afirma a promotora de justiça, Fabíola Sucasas.

Neste fim de semana, uma tentativa de feminicídio chocou o país. Tainara Souza Santos, de 31 anos, mãe de dois filhos, perdeu as duas pernas depois de ser arrastada pelo carro do ex-namorado na Marginal Tietê, uma das avenidas mais movimentadas da cidade.

Douglas Alves da Silva, 26 anos, atropelou e passou por cima do corpo de Tainara. O motorista reagiu ao ser abordado pela polícia durante a tentativa de fuga e foi preso.

Em mais um caso recente, Thiago Schulz, conhecido como “Calvo do Campari”, foi preso depois de agredir a namorada, Lais Angeli Gamarra. A advogada, de trinta anos, gravou as agressões.

Na segunda-feira (1º), outra mulher também foi atacada pelo ex-namorado, que não aceitava o fim do relacionamento. O homem atirou várias vezes contra a moça, na pastelaria onde ela trabalha, na zona norte de São Paulo.

A atendente sobreviveu. Assim como Pâmela, que hoje tem consciência de que, para qualquer tipo de agressão, não existe segunda chance.

"Eu falo pras mulheres hoje: o rapaz que der um grito, separa, separa, porque o pior tá pra vir. Eu sou testemunha disso."

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