Empresários e advogados são presos por golpes que simulavam ações judiciais para enganar idosos
Polícia Civil do DF descobriu que esquema também utilizava patrimônio de pessoas que já morreram; operação mirou alvos em três estados
Empresários e advogados foram presos pela polícia por golpes que simulavam ações judiciais para enganar idosos, em esquema que utilizava até patrimônio de pessoas que já morreram. A operação Mala Fides (má-fé em latim), da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), cumpriu, nesta quarta-feira (17), 10 mandados de prisão temporária e 11 de busca e apreensão em cidades de três estados: Belo Horizonte (MG), Goiânia (GO), Rio de Janeiro (RJ) e Seropédica (RJ).
+ Golpistas que prometiam falso investimento em criptomoedas são alvos de operação policial em SP
A força-tarefa contou com apoio das polícias civis desses três estados e envolveu cerca de 90 agentes. O caso foi descoberto quando o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) detectou possíveis fraudes em títulos extrajudiciais de grande valor e encaminhou materiais para instauração de inquérito pela PCDF.
As investigações, ainda em andamento, apontaram pelo menos 25 ações suspeitas identificadas pelo TJDFT e uma no Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR). O prejuízo total é estimado em R$ 5 milhões.
+ Jogo do Tigrinho: governo quer criar travas para evitar apostas compulsivas
Como funcionavam os golpes
Segundo a PCDF, advogados envolvidos no esquema simulavam ações judiciais por meio de diversos documentos falsos, como comprovantes de residência, notas promissórias e procurações. Cobravam de clientes valores que variavam de R$ 500 a R$ 100 milhões.
As vítimas, de acordo com apuração da PCDF, eram idosos ou pessoas já falecidas "com patrimônio devidamente mapeado pelo grupo". As investigação apontou que processos eram combinados previamente entre advogados das duas partes, autor e réu.
Assim, defensores simulavam acordos homologados judicialmente. Como pagamentos não eram realizados de forma voluntária, indicavam, então, contas bancárias para bloqueio de valores.
"Com o bloqueio, requeriam a expedição de alvarás para levantamento dos recursos, que eram transferidos para uma conta de um dos advogados e, depois, transferidos para diversas pessoas, inclusive empresas de fachada, de forma a dificultar o rastreio", detalhou a PCDF, em nota.
Suspeitos podem responder por crimes contra administração da Justiça, estelionato, falsificação de documentos, lavagem de dinheiro e associação criminosa.