Distrito Federal teve o ano com maior número de feminicídios da história em 2023
Capital do país registra o maior índice de crescimento nos casos entre todas as unidades da federação
O Distrito Federal fechou o ano de 2023 com o maior número de feminicídios da história, quando a morte acontece pelo fato de ser mulher. Proporcionalmente, a capital do país registra o maior índice de crescimento nos casos entre todas as unidades da federação.
De dezembro de 2022, até dezembro passado, o índice de feminicídio no Distrito Federal aumentou 255%. Foi a região do país com o maior número desse tipo de crime.
O Fórum Brasileiro de Segurança Pública também aponta que, em média, 38% dos assassinatos de mulheres ocorridos ao longo do primeiro semestre de 2023 foram tipificados como feminicídio no Brasil, mesmo percentual de 2022.
A proporção, no entanto, varia: no DF, 75% dos assassinatos foram enquadrados como feminicídio. Já no Ceará, apenas 20,2%.
"A sociedade brasileira como um todo é uma sociedade muito violenta. A gente também vê que a sociedade é muito racista e muito machista, então isso influencia diretamente nessas vítimas preferenciais da violência", afirma Amanda Lagreca, pesquisadora do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Segundo dados do Ministério das Mulheres e também de acordo com especialistas, a flexibilização do acesso às armas no governo anterior e os cortes em investimentos para atender mulheres vitimas de violência explicam as estatísticas.
A promessa do governo é ampliar os recursos para a criação de unidades como a Casa da Mulher - que funciona em Ceilândia - que fica a cerca de 30 quilômetros do centro de Brasília. Lá, as mulheres são acolhidas e tem espaço pra receber os filhos - as meninas de todas as idades e os meninos de até 12 anos.
"Temos ainda para aquelas mulheres que são realmente acometidas da violência constante, que estão em risco de morte, um alojamento de passagem onde ela pode vir aqui e permanecer conosco durante 48 horas ou mais para ela poder se restabelecer no universo da rede de proteção dela e ter condições de poder sair daqui e voltar pro seu convívio normal", afirma Francisca Cléia Souza Carvalho, diretora da Casa da Mulher.