Detetive particular afirma que vice do Corinthians o contratou para investigar acordo com a Vaidebet
Armando Mendonça, vice-presidente do clube, passou os dados da empresa fantasma envolvida no contrato para o "espião"
O dono da agência de detetives particulares contratada para investigar o contrato entre o Corinthians e a ex-patrocinadora Vaidebet prestou depoimento à polícia nesta quarta-feira (3). Ele disse que agiu a pedido de Armando Mendonça, vice-presidentes do clube.
O detetive particular Felipe de Lacerda Ferreira, dono da empresa Vênus, chegou à delegacia em silêncio e foi embora reclamando, depois de prestar depoimento por pouco mais de uma hora.
"Eu nunca mais vou ser o que eu sou, como é que eu vou aparecer para o meu cliente se vocês estão acabando com a minha carreira, olha que loucura!", afirmou.
O advogado do detetive, Leonardo Peret, falou com os jornalistas: "Muito embora ele tenha o sigilo profissional a resguardar, por autorização do cliente, do contratante dele, ele trouxe algumas informações para contribuir para a investigação. A investigação está em segredo de Justiça e eu não posso falar".
Mas o depoimento de Felipe acabou com o mistério. Ele confessou ter sido contratado por Armando Mendonça, segundo vice-presidente do Corinthians, para investigar a fraude no contrato de patrocínio milionário assinado pelo clube e a empresa de apostas esportivas Vaidebet.
De acordo com o depoimento, o detetive recebeu de Armando Mendonça o nome e o CNPJ da Neoway Soluções Integradas – uma empresa fantasma que recebeu, numa conta corrente, R$ 1,4 milhão de parte da comissão paga pela assinatura do contrato.
O detetive revelou à polícia que fez uma pesquisa na Junta Comercial de São Paulo e descobriu dois endereços na capital paulista (Avenida Paulista e Vila Olímpia), que foram checados por ele e estavam vazios. Nas redes sociais, ele diz ter localizado a mulher usada como laranja para abertura da empresa: Edna Oliveira dos Santos, moradora de uma região carente em Peruíbe, no litoral paulista.
Um relatório de investigação foi entregue ao cartola corintiano no fim de abril. Dias depois, a imprensa noticiou a existência da empresa fantasma na negociação. O escândalo levou a Vaidebet a rescindir o contrato e a Polícia Civil a iniciar as investigações.
Falta agora o depoimento de Armando Mendonça, marcado para esta quinta-feira (4). A polícia quer saber como o vice-presidente do clube soube que o dinheiro da comissão foi parar na conta corrente de uma empresa fantasma, e o motivo de ele não ter procurado a polícia.